Nova lei sobre Ãndices de produtividade rural tranqüiliza produtores
AlÃvio no campo: essa é a sensacão geral no agronegócio brasileiro depois que a Comissão de Agricultura do Senado aprovou, em caráter terminativo, nesta semana, o projeto-de-lei que altera os critérios de desapropriacão de terras para fins de reforma agrária no PaÃs.
A matéria, defendida no Congresso pela senadora Kátia Abreu, presidente da Confederacão Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), blinda as propriedades rurais consideradas produtivas, tira poder do Executivo ao submeter eventual processo desapropriatório ao Congresso Nacional e concede prazos adicionais de adequacão a donos de terras improdutivas.
'É a melhor notÃcia que o campo recebe nos últimos 40 anos', festeja o presidente da Federacão da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), José Zeferino Pedrozo.
O projeto será agora analisado pela Câmara dos Deputados sem a necessidade de passar por aprovacão do plenário do Senado. Um de seus principais efeitos é desatrelar os parâmetros do grau de utilizacão da terra (GUT) e grau de eficiência na exploracão (GEE) que definem a desapropriacão. O conceito de 'propriedade produtiva ' passará a ser fixado apenas com base no GEE.
Pela nova lei, o GUT servirá apenas para saber se o aproveitamento da propriedade e sua funcão social é racional e adequado. Hoje, esses Ãndices se constituem em mecanismo de indicacões de imóveis rurais, pelo Incra, na desapropriacão de terra para fins de reforma agrária.
Pedrozo assinala que 'a nova norma é justa porque a atividade agropecuária é afetada pela freqüente frustracão de safra por adversidades climáticas, falta de crédito, precos baixos e crises de mercado'. O presidente da Faesc lembra que as crises na agricultura são cÃclicas e, portanto, os normativos devem prever mecanismos de protecão aos produtores rurais, permitindo a opcão de não cultivar (produzir) quando a tendência é obter prejuÃzo.
A lei atualmente em vigor considera improdutiva e passÃvel de expropriacão as propriedades com Ãndices GUT abaixo de 80% e GEE menor do que 100%. No caso de um produtor decidir pela reducão da producão e da sua área plantada, por uma questão estratégica de mercado, corre o risco de ser desapropriado.
Para evitar excessos e injusticas do Poder Executivo, o novo texto submete ao Congresso toda proposta de alteracão do Executivo para os Ãndices de produtividade usados em processos de reforma agrária. Além disso, regionaliza esses Ãndices. Novas alteracões nos Ãndices só poderão ser feitas com base em estudos cientÃficos. Hoje, os Ãndices são decididos por proposicão conjunta dos ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário, ouvido o Conselho Nacional de PolÃtica AgrÃcola.
Inovacão - O texto também instituiu a figura da 'microrregião homogênea ' para cálculo dos Ãndices de rendimento de lavouras e da pecuária. Os indicadores serão adaptados a cada região especÃfica de producão, o que inibe eventual uniformizacão de parâmetros. O texto fixa prazos adicionais para o cumprimento de eventuais novos Ãndices propostos pelo Executivo e aprovados pelo Congresso. Os produtores de culturas temporárias, como soja, milho e algodão, passam a ter dois anos para obedecer aos novos Ãndices de produtividade ou ajustes de parâmetros já existentes.
Pecuaristas e produtores dedicados a lavouras perenes, como café, cana e cacau, terão cinco anos para a adaptacão. (Fonte: Faesc)