Uma das cooperativas mais bem estruturadas da América Latina – a C.Vale – completa, hoje, meio século de tradição, modernização e excelência em gestão. O superintendente, Renato Nobile, representará o Sistema OCB, durante a comemoração, que acontece na cidade de Palotina, no estado do Paraná.
Criada no dia 7 de novembro de 1963, a então Cooperativa Agrícola Mista de Palotina (Campal) passou seis anos no papel e começou a funcionar efetivamente seis anos depois. Mudou seu nome “Coopervale”, em 1974 e, ao longo dos anos 70 e 80, estruturou-se criando entrepostos para receber a produção e prestar assistência aos associados. Nos anos 90 enfrentou período de indefinições e passou por crise financeira.
Entrou em nova fase a partir de 1995 com a implantação do Plano de Modernização que deu início à industrialização e à profissionalização da gestão. Com a mudança no perfil de negócios, a razão social foi alterada para C.Vale, em 2003. O novo modelo de atuação criou alternativas de renda, com investimentos maciços em avicultura e com incentivos à produção de mandioca, leite e suínos.
A diversificação de atividades avançou paralelamente à expansão da área de atuação para Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraguai e até mesmo no Paraná. O foco mais imediato dos investimentos é melhorar a estrutura de recebimento de cereais. Para isso, R$ 200 milhões serão investidos em moegas, tombadores e secadores. Saiba mais sobre a C.Vale.
Fonte: sistema OCB
Novos desafios são colocados para as cooperativas agroindustriais. Algumas cooperativas européias como a Arla Foods que mantêm atividades em vários e diferentes países, ou a Glanbia, que mantém prioridades e negócios internacionais, optaram pela internacionalização de seus negócios em função de mudanças de parâmetros comerciais, e da necessidade de crescimento em escala global de atividades.
Mas, quando se analisa essas estratégias de internacionalização, não se pode esquecer que as cooperativas agropecuárias são organizações que encontram desafios ao longo de seu processo de crescimento.
O mais importante é o desafio da governança, tanto de plantas industriais em diferentes países como a governança de membros em outros países, sem que a cooperativa perca sua origem. Essa estratégia pode implicar em um afastamento da cooperativa de seus sócios originais, de seu local geográfico, e do seu espaço de competência de sua gestão, processo esse chamado de “deslocalização”.
O outro desafio é o de encontrar formas de capitalização viáveis para permitir a continuidade do processo de crescimento, internacionalização e ganhos de eficiência. As cooperativas na Alemanha tiveram nos últimos anos algumas modificações na sua legislação de forma a permitir a sua capitalização. A legislação cooperativa alemã permite a figura do membro investidor nas sociedades cooperativas, da mesma forma que já ocorre também na America do Norte. Mas, apesar disso, não se verificou nem um aumento de capitalização dessas organizações e nem o seu crescimento, ao contrario se verificou uma acentuada “desmutualização”, ou seja, a conversão de várias grandes cooperativas em empresas de capital chamadas de IOF “Investidor Oriented Firms” como o exemplo da Agravis.
Esse não é um fato isolado pois o mesmo ocorreu com importante Moshav em Israel, com algumas importantes cooperativas no Canadá a exemplo da Saskatchewan Wheat Pool. A questão hoje é de suma importancia tanto que em workshop na Universidade Hebraica de Jerusalém vários professores e pesquisadores do assunto colocaram as questões: Porque ocorre esse processo de “desmutualização”? Porque esse processo ocorre somente com algumas cooperativas?
Não há uma fácil resposta, e muito menos um consenso a respeito. O Prof. M. Cook dos USA argumentou nas discussões que esse processo ocorre em função de um ciclo de vida específico das cooperativas, e em determinado momento a “desmutualização” ocorreria como forma estratégica para manter a continuidade do crescimento, proporcionar uma capitalização mais ágil, e permitir uma governança mais flexível capaz de internacionalizar as atividades da empresa. Outra explicação plausível foi discutida pelo Prof. Fulton do Canadá, a presença de um superintendente/gerente CEO objetivo, com autonomia, e com preparo apenas para a gestão de empresas não cooperativas, indicaria a “desmutualização” como um caminho viável de tornar a sua gestão de CEO independente da intervenção de diretores e conselheiros, para permitir a presença de investidores e capital, como para melhorar a sua própria remuneração.
Fato é que, nessas análises não há explicação para compreender as cooperativas que crescem que se internacionalizam e que profissionalizam a gestão, mas que continuam sob a mesma forma de governança cooperativa.
A dúvida persiste também quando se analisa outros países, entre esses o Brasil, onde o processo de “desmutualização” ainda não ocorreu provavelmente devido a condições institucionais e legais que impedem e não permitem vantagens econômicas dessa estratégia.
Isso pode ser explicado no Brasil uma vez que as altas taxas de juros ainda em parte praticadas impedem um processo de abertura de capital ou de emissão de títulos de forma eficiente, pois o custo de oportunidade do capital do investidor ainda é alto no Brasil. Ainda as vantagens tributárias das cooperativas impedem qualquer processo de “desmutualização” que não tenha um ganho adicional significativo. Por último, pelo fato de que a gestão nas cooperativas é efetuada no Brasil diretamente pelos produtores associados, não tomadores de risco, e sem a presença de um profissional CEO com autonomia, o que impediria que essa alternativa de “desmutualização” fosse uma estratégia de vigor e exeqüível.
Por outro no lado, em um futuro próximo temos no Brasil alguns grandes desafios. A redução das taxas de juros criará dia após dia um menor custo de oportunidade para o capital de investidores, e assim, permitirá um mercado financeiro cada vez mais eficiente. Essa tendência implicará que para as cooperativas agropecuárias a capitalização através de títulos ou do mercado financeiro na forma de capital aberto poderá ser uma alternativa importante. Se nesse momento a legislação brasileira não permitir que isso ocorra na forma cooperativa, possivelmente a alternativa de “desmutualização” poderá passar a ser viável.
Fato é que esses novos desafios são colocados aqui no Brasil em médio prazo, mas nesse momento provavelmente algumas cooperativas européias discutem a sua transformação em empresas de capital, com capital aberto, investidores e uma forma flexível de gestão.
Como fica o associado, membro e produtor rural nesse processo? É uma ótima questão. Quando eu a fiz para o Prof. Fulton ele me disse que não sabia se no Canadá esses produtores sentiram a diferença, no caso da conversão da Saskatchewan Wheat Pool em empresa de capital aberto, e eu repliquei a ele, “se isso é verdade é porque a cooperativa já não mais apresentava os benefícios de uma cooperativa e o processo pode ter sido inevitável, pois em nível de ausência de benefícios tanto faz para o produtor rural membro a forma organizacional, mas em nível econômico como acionista ele deve optar pela conversão em empresa não cooperativa”.
Assim há evidencias de que só se opta por uma estratégia exclusivamente financeira, como a “desmutualização”, se o quadro social estiver sem perceber a importância de sua cooperativa, sem incentivos. Mais uma vez, a Organização do Quadro Social – ou a Gestão do Capital Social – e a Educação Cooperativa são a diferença que somente uma gestão formada por membros pode perceber.
Paul Hazen da NCBA* declarou em recente seminário acadêmico no Co-operative College em Manchester de que há no Estados Unidos casos de cooperativas que se tornaram IOF e retornaram a forma cooperativada em função do descontentamento de seus associados com essa estratégia, particularmente quanto a quebra de relações estáveis de contratos. Mais uma vez a educação cooperativa parece ser uma variável fundamental, tanto em nível do associado ara perceber a importância de sua cooperativa quanto em nível dos dirigentes de forma a prepará-los para a gestão de uma organização diferente e com função social.
Mas isso não é novidade, pois em 1844 alguns tecelões já afirmavam a importância da Educação Cooperativa para a integridade de negócios da cooperativa. Talvez esse será ainda, depois de 165 anos, o nosso maior desafio. Educar para a Cooperação. Esse foi um dos temas de conferencia no Co-operative College em Manchester na Inglaterra, e talvez a resposta do sistema cooperativo a onda da “desmutualização”. Educação para a Cooperação.
Prof. Dr. Sigismundo Bialoskorski Neto
Prof. Titular e Vice-diretor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Coordenador do Observatório Socioeconômico do Cooperativismo convênio OCB-USP, e do E-Coop - Programa de Estudos e Pesquisas em Cooperativismo. www.fearp.usp.br/cooperativismo
*National Cooperative Business Association
Após três dias de intenso trabalho, a comissão julgadora concluiu a pontuação das seis melhores redações brasileiras, escritas por alunos de escolas atendidas com o programa Cooperjovem. O julgamento dos trabalhos concorrentes na sétima edição do Prêmio Nacional de Redação ocorreu na Casa do Cooperativismo, em Brasília. O resultado do concurso nacional será conhecido na próxima terça-feira, dia 12.
O tema das redações deste ano foi: “A cultura da cooperação pela água e pela vida”. O julgamento dos 78 trabalhos inscritos demandou a atenção de seis juízes: Aline Nascimento, consultora e especialista em Educação, Ana Carolina Pereira (Sescoop/DF), e as analistas do Sistema OCB: Luciana Peres, Mara Lobo, Daniela Stella e Carla Neri.
Atualmente, 13 estados brasileiros já implantaram o Cooperjovem. Cada estado realizou a etapa regional e enviou – à Unidade Nacional – os seis melhores trabalhos (três de cada categoria). A categoria I destina-se às redações dos alunos matriculados nos 4º e 5º anos do ensino fundamental. A categoria II contempla os trabalhos produzidos por estudantes do 6º ao 9º anos.
SAIBA MAIS
COOPERJOVEM - É desenvolvido pelo Sescoop desde o ano 2000, com o objetivo de fortalecer a cultura da cooperação e fortalecer os princípios do cooperativismo entre os alunos de escolas públicas e cooperativas educacionais do ensino fundamental.
PREMIAÇÃO – Cada estado estipulou a premiação para os seus colocados na etapa regional. A premiação da etapa nacional consiste de um notebook para cada um dos seis colocados, além de uma viagem para a cidade de Nova Petrópolis (RS), considerada o berço do cooperativismo brasileiro.
Fonte: sistema OCB
A transparência é a marca das entidades que compõem o Sistema OCB. Nesta segunda-feira, foi divulgado o Relatório Mensal, que apresenta as ações realizadas ao longo do mês de outubro. Números importantes constam do documento. Por exemplo:
- 900: é o total de cooperativas que participaram da XVIII Conferência Regional da Aliança Cooperativa Internacional das Américas. O evento foi realizado no Guarujá (SP), entre os dias 7 e 10/10, e contou com o apoio do Sistema OCB.
- 300: é o número de participantes do 3º Encontro de Lideranças Cooperativistas dos Países do Agrupamento BRICS, na África do Sul. O Brasil foi representado no evento por sete integrantes do Sistema OCB. O modelo cooperativista brasileiro foi citado como exemplo.
- 71: é o número de lideranças cooperativistas que tiveram a oportunidade, no mês de outubro, de participar do projeto “Portas Abertas”. Seu objetivo é promover a aproximação das cooperativas e unidades estaduais com o Sistema OCB. Foram três turmas, com representantes de vários estados.
“A intenção é prestar contas das ações desenvolvidas no mês aos diretores, representantes dos ramos e dirigentes das unidades estaduais, apresentando a evolução dos projetos priorizados pelo Conselho para este ano. Desta forma, os líderes terão condições de acompanhar o andamento e propor novas estratégias para o cumprimento das metas, estreitando, cada vez mais, os laços com a base”, considera Tânia Zanella, gerente geral do Sistema OCB.
Leia aqui a íntegra do relatório!
Estão disponíveis as tabelas de contribuição sindical 2014 do sistema cooperativista. Os valores foram publicados no Diário Oficial da União, da semana passada.
Publicações do Diário Oficial da União (DOU)
Publicação dia 06.11.2013
Publicação dia 07.11.2013
Publicação dia 08.11.2013
Reajustadas em 10%, em relação a 2013, as novas tabelas foram aprovadas em reunião da diretoria da Confederação Nacional das Cooperativas (CNCoop). A contribuição é compulsória e deve ser feita pelas cooperativas, às entidades sindicais de sua representação. O recolhimento será feito, em uma única vez, no mês de janeiro de 2014.
Para realizar o recolhimento, a CNCoop firmou “contrato conjunto de prestação de serviço de contribuição sindical urbana” junto à Caixa Econômica Federal. Por meio desse dispositivo, as federações filiadas e sindicatos não precisam firmar novo acordo junto ao banco. Para serem incluídos no contrato, precisam apenas vincular-se via termo de adesão.
Mais informações sobre a contribuição sindical podem ser obtidas junto à entidade sindical, representante de cada cooperativa, ou junto à CNCoop. O contrato e o termo de adesão estão disponíveis no link a seguir:
http://www.brasilcooperativo.coop.br/site/agencia_noticias/noticias_detalhes.asp?CodNoticia=14820
Fonte: Sistema OCB