Reforma Tributária: regulamentação atende maior parte das demandas do coop
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Reforma Tributária: regulamentação atende maior parte das demandas do coop

Texto aprovado pela Câmara dos Deputados segue para análise do Senado Federal

A maior parte dos pleitos do cooperativismo foram contemplados no texto da regulamentação da Reforma Tributária (PLP 68/2024) aprovado pelo Plenário da Câmara dos Deputados na noite desta quarta-feira (10). Foram 336 votos favoráveis e 142 contrários ao relatório apresentado pelo deputado Reginaldo Lopes (MG).

Intensas rodadas de debate e negociações com líderes partidários e com parlamentares do GT da Reforma Tributária, além de autoridades do Poder Executivo e entidades representativas do setor produtivo, foram necessárias para garantir conquistas importantes para o cooperativismo dentro do texto, como a definição de hipóteses de redução de alíquota nas operações entre cooperativa e cooperado; a preservação da não cumulatividade entre singulares e centrais;a não incidência tributária sobre o beneficiamento realizado pela cooperativa; e a dedução de 50% do repasse a médicos cooperados.

A mobilização também contou com a participação de representantes das Organizações Estaduais (OCEs) e de cooperativas de todo o país. “O resultado é fruto de um trabalho intenso, coletivo e de muita união. Agradecemos imensamente a todos que acreditam no nosso modelo de negócios e se envolveram nesse processo, e especialmente aos deputados da Frencoop que estiveram junto conosco na linha de frente nas negociações e diálogos ao longo dessa jornada”, descreveu Tania.

Presidente da Frencoop, o deputado Arnaldo Jardim (SP) reiterou a importância do cooperativismo para o Brasil. “Em um cenário onde a desigualdade social e econômica ainda são um desafio premente, o cooperativismo se apresenta como uma alternativa sólida e eficaz para promover a justiça social. Sua capacidade de gerar renda e emprego de forma democrática e sustentável é um patrimônio que não podemos nos dar ao luxo de perder”. O deputado Pedro Lupion (PR), membro da diretoria da Frencoop, ressaltou a importância de um texto que respeite as especificidades do cooperativismo. “O Brasil precisa, mais do que nunca, do cooperativismo para construir um futuro mais próspero e inclusivo”.

O deputado Sérgio Souza (PR), vice-presidente da Frencoop, comemorou os avanços no texto aprovado. “Conseguimos incluir pontos fundamentais para as cooperativas e cooperados”. A deputada Marussa Boldrin (GO), autora de diversas emendas apresentadas em prol do cooperativismo, também celebrou. “Esses avanços darão garantia de subsistência para esse importante modelo de negócios que gera renda, desenvolvimento econômico e inclusão social para milhares de brasileiros. Especialmente no meu estado, garante segurança jurídica para o produtor rural cooperado que terá albergado o seu direito, não gerando duplicidade da carga tributária”.

Cooperativas de saúde

A demanda das cooperativas de saúde, no entanto, continuará sendo objeto de atuação do Sistema OCB para que seja atendida integralmente. “Estamos felizes pelas conquistas que asseguramos, mas nosso trabalho permanece. A demanda das cooperativas de saúde é crucial para a manutenção de sua viabilidade econômica. São milhares de brasileiros beneficiados que podem ser prejudicados e, por isso, não iremos descansar enquanto não conseguirmos mudar essa situação”, afirmou a superintendente do Sistema OCB, Tania Zanella.

O Parágrafo 3º do Artigo 229 do substitutivo determina que as cooperativas de saúde não terão direito as deduções integrais dos custos assistenciais decorrentes de honorários médicos dos cooperados, exclusões estas comuns às demais sociedades com a mesma atividade econômica. Esse impedimento impacta de forma negativa na competitividade das operadoras cooperativas.

Para o deputado Vitor Lippi (SP), membro da Frente Parlamentar do Cooperativismo (Frencoop), a carga tributária imposta às cooperativas de saúde é injustificável. “Ameaça o funcionamento e o acesso a serviços de saúde em regiões carentes onde setores público e privado muitas vezes não chegam. Trata-se de um ponto prioritário que precisa ser revisto e vamos trabalhar proteger essa atividade econômica e social tão relevante para o Brasil”, destacou.

Para sobreviver à concorrência, taxistas apostam em carros elétricos e aplicativo próprio em Campo Grande
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Para sobreviver à concorrência, taxistas apostam em carros elétricos e aplicativo próprio em Campo Grande

A reportagem "Para sobreviver à concorrência, taxistas apostam em carros elétricos e aplicativo próprio em Campo Grande", de Graziela Rezende, foi premiada em 1º lugar no VII Prêmio OCB/MS de Jornalismo, categoria jornalismo on-line.

Publicado em 12 de abril de 2024.

 

Chegada de concorrente, há 8 anos, tinha propaganda massiva e cupons para população. E taxistas, que falam pela primeira vez sobre o asssunto, correram atrás com carros elétricos na frota e aplicativo próprio

“Prossiga, 573”. A atendente, em casa, acompanhando a modernidade que o home office trouxe, inicia a conversa, acionando o profissional pelo seu código. De lá, pelo aplicativo próprio, recebe a mensagem da corrida e vai até o cliente. É neste ritmo que cerca de 350 taxistas congregam um time, em Campo Grande, em busca da superação diária diante da concorrência avassaladora, iniciada em meados de 2016.  

Na época, com propaganda em todo canto e distribuição de cupons para a população, os passageiros não tiveram dúvidas em baixar o aplicativo da concorrência. Assim, muitos taxistas ficaram abalados com o que chamaram de desleal e houve debandada do setor. Na sequência, outras empresas do ramo apareceram, também com preço competitivo. No entanto, o que grande parte da população não sabia é que os taxistas já tinham se modernizado, muito antes disto, inaugurando um aplicativo próprio três anos antes.

“Não foi fácil, foi qualificado como dumping na época. A concorrência chegou injetando dinheiro, dando cupom para sociedade e com motoristas de fácil adesão. Hoje, para ser taxista, cada um tem que ter o seu curso e o seu credenciamento, então, como se tornou uma coisa desordenada, nosso setor foi uma presa fácil. Nós sofremos um impacto muito grande, mas, sobrevivemos “, afirmou Flávio Panissa, presidente da Coopertáxi MS.

Desta forma, de 700 taxistas, o número caiu pela metade. “Eu já fiz um teste, divulgando para as pessoas que temos o nosso aplicativo e, com o tempo, acontece da pessoa se perder. Não foi algo que massificamos, como o concorrente fez, anunciando nas redes sociais e dando cupons. E a gente, por ser uma empresa local, nunca tivemos condições de criar esta marca. A marca que criamos foi aquela do passado, a Rádio taxi, que não é uma empresa de rádio taxi hoje. Isso nem se utiliza mais. Nós temos aplicativo desde 2013 e atendimento robotizado pelo Whatsapp”, argumentou Panissa.  

Avaliando a trajetória, o presidente diz que a empresa se reinventou e a mão de obra melhorou, além do nível dos carros. “O taxista que ficou aprendeu ainda mais a fazer o seu serviço. Eles o entregam com qualidade e, não só com a prestação do serviço em si, mas, a sua ferramenta de trabalho, forma de pagamento e evolução. Não é só aquela de aceitar só dinheiro, porque o pagamento hoje, embora tenha a cooperativa, a gente não negocia o pagamento, é direto com o motorista, então, o taxista acompanhou a evolução e, a meu ver, está no ramo do transporte concorrendo com um serviço de altíssima qualidade”, avaliou.  

Veículos modernos surpreendem

São, ao todo, 70 pontos espalhados pela capital sul-mato-grossense. E neste vai e vem, a chamada por uma corrida pode surpreender. A reportagem do Jornal Midiamax fez um teste, indo até a Praça do Papa e solicitando uma corrida ao Aeroporto Internacional de Campo Grande. Ambos, tanto o carro por aplicativo como o táxi deram R$ 17, apenas com uma diferença de centavos.  

Desta forma, para conhecer mais sobre estes profissionais, a escolha pelo táxi foi evidente. Estando nas proximidades, Marlos Rogério do Amaral, de 47 anos, é quem me atendeu. A chegada do taxista, a bordo de um BYD Song Plus 2023, avaliado em R$ 229.800, já foi surpreendente.  

Há um mês com o veículo, pasmem, já percorreu pouco mais de sete mil quilômetros e diz que a maioria dos clientes tem reação parecida, assim que ele se apresenta. “As pessoas ficam impactadas com o carro, com a qualidade e duvidam se realmente é um táxi. E, em pouco tempo, já rodei muito, não só em Campo Grande, mas, diversas cidades do Estado. Atendo também viagens fora de Mato Grosso do Sul e até do país, se o cliente quiser”, ressaltou.  

No entanto, nem sempre Marlos teve um carro de luxo para ofertar aos passageiros. “Moro em Campo Grande há 30 anos, sendo 24 que trabalho no táxi. Mesmo sendo filho de um taxista – meu pai trabalhava no Rio Grande do Sul – nunca pensei em trabalhar no ramo, foi meio que uma coincidência. Vim para trabalhar em outro setor, depois outro, aí acabei caindo no táxi. E hoje digo que é a profissão que sustento minha família, é a profissão do meu coração, é o que gosto e procuro sempre fazer com excelência, da melhor forma possível”, disse.  

Quando começou, Marlos disse que atendia os clientes em um carro popular. “Eu sonhava em ter o meu táxi, o meu alvará, a minha licença. E depois sonhava em ter um Corolla, mas, era uma corrida andando no Uno 98 e outra empurrando na volta ou então vindo no guincho. Lembro que tinha gente que ria, que falava que eu estava sonhando alto demais. A situação daquele momento realmente era impossível, mas, tive foco no meu alvo”, relembrou.  

De acordo com o taxista, foram inúmeros os “plantões 24 horas” e confraternizações de Natal e Ano Novo, que ele ficou distante da família e focado no trabalho. “Aí as coisas foram acontecendo e, em 2016, arrendei um ponto. Comprei um Voyage e veio o baque da Uber em Campo Grande, que derrubou muitos taxistas. Só que eu finalmente tive a minha licença, teve a licitação e eu troquei por um Cobalt, mantendo o alvo no Corolla. Quando consegui, fiquei dois anos com ele e surgiu a oportunidade de comprar este carro atual”, contou.  

‘Intenção é inovar e fazer a diferença na frota’, diz taxista

Ao adquirir o carro ultramoderno, Marlos explica que a intenção é inovar e fazer a diferença na frota. “Eu busco mostrar a todos que a gente pode chegar onde almeja, basta não desistir. Uns chegam mais rápido, outros mais devagar e só não vai chegar aquele que desistir. Este fracassou na metade do caminho, então, é necessário ter foco e fé. Penso que é uma mão dupla: proporciono conforto para o passageiro e faço economia de combustível e tenho mais lucro”, opinou.  

Enquanto fazíamos o trajeto, o carro híbrido – que possui tanto o motor elétrico como a combustão – estava funcionando com energia elétrica, apontando cerca de 60% de bateria. “Quando atinge 20%, ele começa a entrar no motor a combustão, começa a mesclar, então, tanto o carro pode ser carregado na tomada quanto se autorregenerar, gerando a economia de combustível”, ponderou Marlos.

Ao falar sobre o conforto e modernidade, Marlos mostra algumas opções do veículo, como o fato dele ser ligado também pelo celular e a persiana e o teto solar abrirem por comando de voz, por exemplo. Assim, brinco que é possível chamar a corrida e passar por “dublê de rico” na capital sul-mato-grossense.  

“Com certeza dá. Eu atendo gente que leva o maior susto e passa sim por dublê de rico. Tira foto, filma. E o legal é que fideliza o serviço. Mas, também atendo profissionais que sempre pedem carro de luxo, como gerentes de bancos, por exemplo, que precisam ir de uma cidade a outra. São pessoas que já conhecem nosso aplicativo, sabem do preço competitivo que temos e preferem motoristas credenciados”, disse Marlos.  

Na rotina de trabalho, o taxista diz que sempre aconselha as pessoas ao defenderem o preço da concorrência. “O ideal é comparar os preços. Nós não temos o preço dinâmico, por exemplo. Nosso valor é o mesmo se estiver chovendo, com baixa ou alta demanda, é sempre pautado pelo taxímetro. Já os outros aplicativos dependem muito da oferta e procura, então, as vezes, uma corrida de táxi que estaria R$ 15 chega ao dobro na tarifa dinâmica do aplicativo”, ressaltou Amaral.  

O taxista Olegário Pereira de Araújo, de 51 anos, tem uma história de vai e vem no “mundo do táxi”. “Quando chegou a concorrência, desleal na minha opinião, ficou bastante difícil pra gente. Eu saí e me ausentei, fiquei quatro anos fora e retornei no ano passado às atividades”, contou.

Agora, orgulhoso em trabalhar na cooperativa que tem aplicativo próprio e preço competitivo, Olegário diz que tem mais um agravante.

“A liberdade de você trabalhar em algo seu me fez voltar. E tem ainda a questão do concorrente, com mal atendimento, e com isso estamos ganhando ainda mais espaço. Estou sempre cuidando do meu carro. E aqui a nossa corrida chega rápido, é confiável, não deixa o cliente esperando muito tempo”, opinou.

Sobre ser taxista, Olegário também fala em orgulho. “Esta, sem dúvidas, é a minha profissão, a minha paixão. A gente é ouvinte também, tem amor em conviver com pessoas diferentes no dia a dia, com suas histórias, é muito bacana”, finalizou.

Plantão home office continuou após a pandemia

E as modernidades da Cooperativa não se resumem só ao aplicativo e aos carros, já que muitos trabalhadores também passaram por adaptações. Funcionária há quase uma década, Maria Angélica Nazário, de 50 anos, relembra os tempos em que o serviço acumulava, em média, duas mil corridas ao dia, na capital sul-mato-grossense.

“Trabalhei a maioria do tempo no formato presencial e agora eu atendo e direciono as corridas da minha casa. Lembro muito dos plantões quando chovia, era muito corrido e nem temos mais o rádio como era antes, era por lá que liberávamos as corridas. As meninas da equipe tinham que saber o ponto mais próximo, ficarem atentas onde era cada bairro e região e também todas as saídas da cidade. Tinha que ter uma noção como um todo, enquanto os motoristas ficavam ligados naquele radinho. Hoje o sistema é todo diferente, já vai para o ponto mais próximo automaticamente”, explicou Nazário.

Cooperativas são as que mais crescem como instituições financeiras

Amante do modelo corporativista, o professor Ivan Correa Leite possui 25 anos de experiência no assunto, publicando artigos, livro e também ministrando aula de direto dos contratos, na ESAN (Escola Superior de Administração e Negócios), da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), além de percorrer diversos estados brasileiros para conhecer o modus operandi de diversas cooperativas no país.

“Tenho sim este livro sobre o corporativismo, com base na Constituição, e também artigos publicados a respeito da legislação corporativista. A intenção é explanar o cooperativismo e seus vários planos de atividade, envolvendo as cooperativas de trabalho, transporte e produção. Em Campo Grande, temos muitos exemplos de sucesso e fato é que a Sicredi [Sistema de Crédito Cooperativo] e Sicoob [Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil] são as que mais cresceram como instituições financeiras”, explanou o professor.

De acordo com Ivan, enquanto outros bancos fecharam milhares de agências e postos de trabalho, fazendo também incorporações, desde o ano de 2002, perdendo inúmeras vantagens, as cooperativas de crédito cresceram, entraram no meio rural e também em universidades, por exemplo.

“Foram preenchendo estes buracos, chegando em pequenas comunidades e também atendendo aos servidores. É o caso da UFMS. Lembro que, quando entrei na cooperativa de lá, era só para os funcionários, sendo professor ou servidor. Depois, virou Sicredi União e se estendendo, em Campo Grande, Maracaju, Dourados, Ponta Porã, Itaporã, Rio Brilhante, Caarapó, todos os locais onde tinham polos da universidade. Agora é impossível dizer todos os lugares onde tem uma cooperativa, pois, são vários os campos de atuação”, disse o professor.

‘Nova roupagem do sistema financeiro’, opina professor

Nesta profusão de cooperativas, conforme Leite, tivemos também um crescimento operacional e percentual representativo de produtos. “Os envolvidos dão essa roupagem jurídica e criam uma associação, seja por questões tributárias, de infraestrutura e logística e todos vão crescendo junto. É um modelo que se espalhou a nível Brasil e eu acho muito interessante. Lembrei até de um passeio em um local turístico, recentemente, em que é tudo areia e só anda caminhonete ou bug por lá. O pessoal se juntou e montou uma cooperativa de transporte. Compram pneu em conjunto, pelas em conjunto, combustível, tudo fica mais fácil”, explanou.

Assim, ainda conforme o professor, “muitos sonhos são realizados”. “É o verdadeiro significado da cooperativa: trabalhar em conjunto. E é algo antigo. Eu estudei antigas corporações de ofício, lá da Idade Média, em que se uniam para levar mercadoria, rachavam o transporte, a segurança, gerando maximização para todo mundo. É a nova versão, a nova roupagem do sistema financeiro que vai mexendo com o sistema bancário tradicional e modificando o plano social e econômico. Eu fico muito alegre em ver todo este desenvolvimento”, comemorou.

Para explanar ainda mais o assunto, o presidente do Sistema OCB/MS (Sindicato e Organização das Cooperativas Brasileiras no Mato Grosso do Sul), Celso Ramos Régis, concedeu entrevista ao Jornal Midiamax. Acompanhe:

1) O cooperativismo de transporte nasceu e sempre se mostrou de forma muito organizada, em Campo Grande. No entanto, tudo mudou no ano de 2016, quando chegou a concorrência avassaladora dos carros por aplicativo. Muitos motoristas não suportaram o baque e houve uma debandada, mesmo os cooperados do táxi já tendo um aplicativo e prática em toda a cidade. O que faltou na época e como o setor pode se alavancar atualmente, na sua opinião?

O principal desafio que foi encontrado pelos taxistas, naquele momento, era compreender o novo momento que estava se avizinhando, que é de modernidade, de ter como princípio maior, propósito do profissional do táxi, em Campo Grande, de que o cliente, o usuário, precisava ser melhor tratado. E este ambiente, que foi encontrado pelo concorrente, naquele momento, foi fértil para ele, porque chegou fazendo uma oferta nova e mostrando para o usuário que poderia ser melhor do que aquele serviço oferecido pelos cooperados da Coopertáxi, em Campo Grande.

E isso foi um baque inicial, com uma questão simples, de cultura das pessoas. Eles não estavam preparados, não foram preparados. Nós todos aqui, tanto da casa do cooperativismo, como a direção da própria cooperativa naquele momento, não enxergamos que aquilo poderia dar um impacto grande neles [taxistas]. E como deu. E aí o que aconteceu? Eles se assustaram e, com o susto, muitos deles não enfrentaram a realidade.

Ao invés deles partirem pra cima e buscarem parcerias, porque cooperação e cooperativa, compreende parceria entre as pessoas e não parceria de capital, de dinheiro. Neste caso, é um profissional da socidade, os motoristas de táxi, de transporte, buscando melhorar os seus rendimentos, através de uma oferta de serviços que seja atrativa para o usuário. Chegou um concorrente, demonstrando ser melhor, o usuário foi para lá, o que é muito natural em qualquer atividade econômica na socidade. E aí alguns deles abandonaram, o que eu acho que foi uma grande perda nisso tudo.

Tivemos, então, muitos dos nossos colegas, cooperados que abandonaram a profissão e foram para outro lado. Outros ficaram incrédulos, outros exigiram providências da própria cooperativa, o que não tinha o que fazer, porque a cooperativa são os próprios cooperados. Ela sozinha, o presidente sozinho, não fazia nada. E naquele momento foi difícil realmente, mas, só permaneceu a existência da cooperativa por ser um ente corporativo. Se fosse uma empresa convencional, comercial, de mercado, tinha fechado, praticamente sucumbido. E a única que deixou de ser Rádio Táxi, para ser um serviço alternativo de transporte, por um aplicativo, foi a própria Coopertáxi. E ela se reiventou com isso.

Eles enfrentaram – aqueles que ficaram – é claro. É como a gente costuma dizer: ‘Foi chacoalhado este limoeiro, alguns se perderam, foram embora, outros apodreceram’. E os que ficaram já estão colhendo os frutos, porque enfrentaram a realidade e só juntos conseguiram vencer este desafio, porque foi em cooperativa, porque se fosse individualmente, já tinham ido embora. A cooperativa é dos cooperados e, neste caso em específico, graças a Deus a cooperativa permaneceu e está aí em atividade, comn condições de ofertar, da mesma forma, os produtos e serviços realizados pelos concorrentes. E aí o cooperado, os limões que ficaram, conseguiram, realmente, se reiventar, a começar pelo seu próprio instrumento de trabalho, que são os veículos.

Se antes, no passado, os veículos eram amassados, com frota mais antigas, eles começaram a se modernizar, verificando inclusive legislação de compra de veículos, com subsídios de impostos, não é de graça e sim um financiamento diferenciado. Aqui, inclusive, fizemos treinamentos e capacitações, para melhorar até a aparência do nosso condutor do táxi, tudo para atrair e encantar o usuário. Passamos a ter cheirinho no carro, passamos a abrir a porta, ou seja, a inteligência da própria gestão da cooperativa proporcionou isso aos cooperados. E deu muito certo. Não foi 100%, mas, com certeza foi acima de 80% a adesão dos cooperados, dos limões que ficaram e hoje temos essa forma empreendedora do cooperativismo.

E a Coopertáxi, hoje, não perde em nada, mas nada mesmo. Acho que tem até vantagens, pois, a renda deste empreendimento fica em Campo Grande. E neste acreditamos mais porque promove o desenvolvimento da nossa comunidade, da cidade. São os nossos motoristas recebendo o resultado deste empreendimento e encarando os desafios.

2) Eu soube que o senhor é filho de taxista e tem toda uma história de envolvimento com o cooperativismo de transporte. Neste sentido, muitos cooperadores também carregam histórias semelhantes em seu DNA, já que “herdam” a profissão. Como, então, o cooperativismo de transporte, faz esta gestão de negócio familiar e busca oportunidades?

É verdade. Sou de origem rural, junto com meu pai e meus tios. Somos uma família de catarinenses, que veio para o Mato Grosso do Sul para plantar café. E aí, quem é da região sabe, que em 1975 deu uma geada aqui na região que dizimou o café. Deu no sul do Brasil inteiro, mas, Campo Grande, como era um forte produtor de café, na década de 60 e 70, o café acabou. E minha família cuidava disto. Bom, lavoureiro que vinha para cidade e que tinha pouca instrução formal, naquele momento, como tinha um pouquinho de caixa ainda, foram trabalhar no táxi. E assim foi com meu pai e meus tios, dois irmãos dele.

E eu tinha 15, 16 anos na época. E o primeiro lugar que eles foram buscar apoio foi em uma cooperativa e como já éramos envolvidos em cooperativas da área rural, de leite, do agro, eu passei, então, a ter em casa a cultura da cooperativa.

Essa palavra, dentro da minha casa, da casa dos meus tios, dos meus avós, era muito comum. Alguém dizia: ‘Ah, onde você vai?’ Vou lá na cooperativa, tem uma reunião lá, tinha o sindicato dos taxistas também ou era na cooperativa de leite, então, eu tinha todo esse envolvimento com o cooperativismo, desde pequeno.

Mais tarde, depois, junto com um grupo de colegas, tenho muito orgulho de ser egresso da UFMS [Universidade Federal de Mato Grosso do Sul], nós criamos, em 1988, a primeira cooperativa de crédito de Mato Grosso do Sul, a Sicredi União. E a cooperativa se manteve lá por muitos anos e depois se espalhou pelo país todo e acabou me trazendo até aqui, para a casa do cooperativismo. Eu era conselheiro e acabei virando presidente, então, todo esse envolvimento nos permitiu valorizar o trabalho que esta cooperativa do transporte faz. Para nós, é muito importante e eu sou um usuário permanente e, quando não tenho o meu veículo, uso e minha família usa também.

E outro fator importante: a segurança. Eu acho que é muito maior que em qualquer outro aplicativo. Primeiro que, a gente entra no carro e a autorização, a credencial, já está ali no painel. Você pegou outros, não tem logomarca nem na porta e isso, com o aspecto segurança, em horários mais complicados, como é o noturno, acho isso primordial. E essas pessoas passam por preparações constantes, com cursos, trabalhos de reciclagem e que as demais não passam. E eu, enquanto usuário, sou um defensor destes condutores autônomos que, aliás, é assim que eles são credenciados na prefeitura. E o mais nos gratifica hoje é que, em 2016, lá se vão oito anos, e sabemos que o preço é muito competitivo e ainda ganha no fator segurança.

3) Todos nós sabemos que transportar é preciso. E a frota agora possui carros modernos e ultra modernos circulando pela cidade. É esta modernidade – aliada aos aplicativos e o cooperativismo – que vai garantir a sobrevivência das cooperativas deste setor?

Sem dúvida. Modernização e profissionalização cada vez mais. Modernização da gestão da própria empresa cooperativa. Não é uma filantropia, não é assistencialismo, não é nada disso e sim um mundo empresarial, tanto é que a cooperativa tem todo um processo. E a Casa do Cooperativismo, que é o sistema OCB e Sescoop está aqui preparado e como guardião, desta forma de organização econômica da sociedade, através do empreendimento corporativo. E cada um dos cooperados é um empreendedor, que se juntam na grande empresa chamada cooperativa.

E este processo todo é de extrema solidariedade, sustentabilidade e que garante a renda justa aos profissionais do táxi, então a gente tem certeza que, doravante, esta cooperativa do transporte já está em igual e condições com qualquer um destes grandes aplicativos que concorrem aí no mercado. E digo mais, com uma certa vantagem, porque, como eu disse, a solidariedade, o conhecimento e o relacionamento que há entre os cooperados não existe no concorrente. Este é um grande diferencial, já que juntos são mais e mais fortes. E podem, através de diversas modalidades, de boa governança e gestão, oferecer realmente um serviço de qualidade a população.

 

 

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Cooperativas ‘transbordam’ investimentos para o Mato Grosso do Sul

A reportagem "Cooperativas ‘transbordam’ investimentos para o Mato Grosso do Sul", de Bruno Arce, foi premiada em 2º lugar no VII Prêmio OCB/MS de Jornalismo, categoria impresso.

Publicada em 15 de julho de 2023.

 

Novas produções despontam no mercado voltado a suinocultura, amendoim, algodão e outros 

Mato Grosso do Sul vive um momento de “transbordamento” de investimentos no cooperativismo. O setor conta com 450 mil cooperados no Estado, pertencentes a 126 cooperativas, gerando 13 mil empregos e respondeu, no ano passado, por praticamente 50% de todos os projetos feitos no Estado. Essa verve de pujança inclui empreendimentos que vão de suinocultura de alta tecnologia, até a produção de algodão para o mercado nacional.

Diante da importância do segmento para o agronegócio e economia estadual, a Semadesc (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) já tem, desde 2020, o Procoop (Programa de Fortalecimento do Cooperativismo Estadual), que consiste em uma política de fomento de um ambiente favorável ao desenvolvimento e fortalecimento das cooperativas em MS.

O momento positivo do setor é destacado pelo titular da pasta, Jaime Verruck, que salienta que o Estado tem recebido inúmeras cooperativas, especialmente do sul do país. “Houve um transbordamento das cooperativas em Mato Grosso do Sul, para investir permanentemente. Isso mostra a credibilidade e a atratividade do Estado, grande produtor de matérias-primas. Os novos investimentos geram crescimento, oportunidades de emprego e desenvolvimento econômico”, citou.

O secretário salienta a forçada política voltada paara o segmento. “O Governo do Estado tem um olhar muito especial para os investimentos no cooperativismo. E esse olhar tem dado certo. Temos conseguido fazer uma expansão da estrutura de cooperativismo forte”, comentou. Recentemente, em evento em comemoração ao mês do cooperativismo, celebrado em julho, o presidente do Sistema OCB/MS, Celso Ramos Régis, destacou a importância das ações realizadas em conjunto pelo governo estadual e municípios: o Procoop, a Frencoop, a Lei da Política Municipal de Cooperativismo de Dourados, entre outras. “Tem sido um trabalho incansável de fortalecimento desse modelo de organização econômica da sociedade por meio do empreendimento cooperativo. O cooperativismo é ético, transparente, eficiente e cuida das pessoas. Essas ações têm feito a diferença, elas completam o que cada uma das nossas cooperativas têm feito. A força do nosso cooperativismo é muito grande”, citou

O governador do Estado, Eduardo Riedel (PSDB), que acompanha de perto este avanço do setor, pontua a importância do cooperativismo no desenvolvimento do Estado, que representa 10% do PIB de MS. “50% do investimento feito no Estado, tirando os megaempreendimentos, são frutos de ação cooperativista e esse modelo faz com que a sociedade sul-mato-grossense se aproprie do desenvolvimento. São fruto e retrato disso, de participação direta desse processo.

Quando vemos que o Estado é um dos que mais cresce no Brasil, com a menor taxa de desemprego e a menor taxa de pobreza extrema, o cooperativismo tem um papel fundamental”, salientou. Novos entrepostos de grãos No início do mês, a Coamo inaugurou dois entrepostos de grãos no Estado: um em Rio Brilhante-MS e um Ponta Porã- -MS. Os dois novos entreposto da Coamo contam com quatro silos, com capacidade para 170 mil sacas cada, totalizando mais de 40.000 toneladas de produtos armazenados, com três moegas, dois tombadores bitrem, armazém de insumos com 4 mil m² e escritório administrativo/operacional com pré-classificação.

Nesta safra 2022/2023, a Coamo recebeu volume superior a 1,3 milhão de sacas de soja dos produtores da região. Com a inauguração das unidades, entre entrepostos e a indústria produtora de farelo e óleo de soja em Dourados, são 19 unidades da cooperativa que já está em atuação há 19 anos, em MS. Para o presidente da Coamo, Airton Galinari, “As duas novas unidades são de primeiro mundo e vêm ao encontro da Coamo, de estar cada vez mais perto dos seus cooperados. Teremos aumento no número de cooperados e os benefícios do pacote de serviços que a Coamo leva com desenvolvimento técnico, educacional e social. E também informações, com condições mercadológicas e novas formas de fazer negócios com estrutura para apoio na cadeia de produção”, destaca.

Primeira indústria de amendoim

A soja, que até então reinava soberana na linha dos investimentos, agora terá um parceiro. Mato Grosso do Sul terá sua primeira indústria de beneficiamento de amendoim. Após as negociações intermediadas pelo Governo do Estado, por meio da Semadesc, a cooperativa Casul formalizou, à Prefeitura de Bataguassu, o pedido de doação de uma área de 60 mil metros quadrados para a instalação de uma unidade industrial de secagem e beneficiamento de amendoim e de soja, com investimento de R$ 117,52 milhões. A indústria começa a ser construída em 2024 e deve entrar em plena operação até 2028, com geração de ao menos 200 empregos no município.

Os investimentos da Casul para a ampliação de sua atuação em MS já foram aprovados em assembleia. A cooperativa já conta com uma loja de insumosem Paranaíba e em Bataguassu. A indústria começa a ser construída em 2024, em uma área de 60 mil metros quadrados doada pela prefeitura e deve entrar em plena operação até 2028, com geração de ao menos 200 empregos no município. “Hoje, existem duas revendas da Casul no Estado, uma em Bataguassu-MS e outra em Paranaíba-MS. Agora, a cooperativa vai montar indústria de processamento de amendoim e também de soja. A ideia é que até janeiro 2024 eles já tenham uma parte de recepção de soja, que é um insumo que eles precisam. A partir daí, começa a construção da fábrica de beneficiamento e, consequentemente, ocorrerá o recebimento de amendoim”, comentou o secretário Jaime Verruck, da Semadesc.

A Casul é, hoje, a terceira maior empresa na produção de amendoim e na exportação de óleo de amendoim para 14 países. A cooperativa estima faturar, esse ano, cerca de R$ 1 bilhão.

Última geração em Sidrolândia

Sexta no ranking nacional de produção, a suinocultura sul-mato-grossense abateu 3,7 milhões de animais em 2022 e produziu 247 mil toneladas de carne. Ancorada em projetos que vão de genética de última geração até a produção de biometano a partir dos resíduos suínos, a atividade tem previsão de crescer pelo menos 49% nos próximos anos, em MS.

Neste cenário, Sidrolândia-MS, que já é um polo de avicultura, recebeu, em maio, uma Unidade de Produção de Leitões da Cooperalfa. Projetada em 2019 e concluída em abril de 2023, a UPL recebeu R$ 140 milhões em investimentos e tem capacidade para cinco mil matrizes com previsão de produzir cerca de 500 leitões/dia.

Além deste projeto inaugurado hoje, as indústrias da Seara/JBS em Dourados estão prevendo a ampliação para 10 mil cabeças por dia da capacidade de abate de suínos; enquanto a Aurora, em São Gabriel do Oeste, estima incremento na expansão do abate de 3,2 mil para 6 mil animais por dia, no frigorífico.

Já a cooperativa Coperdia, vinculada ao Grupo Aurora, e já instalada no município de Jaraguari-MS, fará um aporte de R$ 100 milhões. E a Cooasgo está construindo uma fábrica de rações e ampliando sua base de produção com investimentos próximos a R$ 100 milhões. O conjunto de investimentos em toda a estruturação da cadeia produtiva de suinocultura faz parte da visão estratégica do governo.

Indústrias dão novo perfil

A agregação de valor às matérias-primas tem sido um destaque nos empreendimentos cooperativistas. Um exemplo recente é da Copasul. Com investimentos de aproximadamente R$ 1,5 bilhão, a Copasul lançou, no início de julho, a pedra fundamental da Unidade Industrial de Processamento de Soja no terreno ao lado da Fecularia da cooperativa, às margens da Rodovia BR163, em Naviraí-MS. Os recursos serão investidos na construção das estruturas e ampliação da capacidade de armazenamento de grãos para atender a própria demanda. A meta é que a fábrica esteja operando em dois anos. A estimativa é gerar 150 empregos diretos e cerca de 1.900 indiretos, quando a indústria estiver em pleno funcionamento, o que representa renda, em salários, da ordem de R$ 4,2 milhões por ano.

O empreendimento deve adicionar, ainda, R$ 3 bilhões ao PIB de Mato Grosso do Sul e recolher R$ 230 milhões em impostos anuais para os cofres públicos.

A indústria vai produzir óleo bruto, farelo de soja e casca peletizada e terá capacidade para processar 3 mil toneladas, ou 50 mil sacas, de soja por dia, além de armazenar, nas próprias instalações, 150 mil toneladas de soja em grão, 70 mil toneladas de farelo, 10 mil toneladas de óleo degomado bruto e 3,6 mil toneladas de casca. Entre os principais destinos para os produtos estão a fabricação de biodiesel, de rações e refino de óleo, além do mercado de exportações.

Quando estiver em funcionamento, a unidade representará um aumento de 20% da capacidade de processamento de soja em MS, que vai saltar de 14,5 mil toneladas para 17,5 mil toneladas diárias. Além dos investimentos de R$ 1,013 bilhão na indústria, em si, acooperativa vai investir outros R$ 336 milhões em melhorias no fluxo de recebimentos de grãos e ampliação da capacidade de armazenamento em suas unidades de silos em Amandina, Anaurilândia-MS, Deodápolis-MS, Itaquiraí-MS, Maracaju-MS, Naviraí-MS e Novo Horizonte do Sul-MS.

A Copasul, que completa 45 anos, inaugurou a Unidade Industrial de Fiação 2, uma ampliação da indústria que opera na cidade há 27 anos. A planta tem capacidade para aumentar em até 2 mil toneladas a produção mensal de fios da empresa. Isso representa um crescimento de 15% na produção atual da cooperativa. Os investimentos totalizam R$ 100 milhões, sendo R$ 70 milhões obtidos junto ao FCO (Fundo Constitucional do Centro-Oeste), por meio da Semadesc (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação). Os valores incluem a indústria e subestação de energia que foi construída pela Copasulpara atender à ampliação da demanda por luz.

De acordo com o presidente-executivo da cooperativa, Adroaldo Taguti, mais de 85% de seus associados classificam-se como pequenos produtores rurais. A produção de fios, segundo ele, será comercializada com empresas localizadas em SP, SC, PR e em outros Estados, em menor quantidade. “Mais uma vez, vemos o FCO como linha de crédito primordial para o desenvolvimento do Estado e por meio de cooperativas, que são grandes investidoras em MS. Neste caso, a Copasul está investindo em duas áreas: grãos e algodão, gerando emprego e renda em municípios pequenos e agregando valor à produção local. Ação totalmente alinhada com o Procoop, programa do governo de incentivo ao cooperativismo”, explica o secretário e presidente do Conselho Gestor do Fundo, Jaime Verruck.

 

Orgânicos transformam vidas e geram emprego e renda para mais de 100 associados de Cooperativa
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Orgânicos transformam vidas e geram emprego e renda para mais de 100 associados de Cooperativa

A reportagem "Orgânicos transformam vidas e geram emprego e renda para mais de 100 associados de Cooperativa", de Rayani Santa Cruz e Alberto Gonçalves, foi premiada em 1º lugar no VII Prêmio OCB/MS de Jornalismo, categoria impresso.

Publicada em 4 de maio de 2024.

 

Cooperativa iniciou com 26 produtores de hortaliças e hoje gerações enxergam oportunidades

A criação de cooperativas tem sido o grande fator para contribuir no desenvolvimento econômico de vários setores. Um exemplo prático está na Cooperativa de Agricultura Urbana de Campo Grande (CoopUrb), que tem mais de 100 cooperados e ajuda famílias produtoras que atuam no ramo há muito tempo.

"Trabalho com horta orgânica há 45 anos e comecei ainda criança ajudando o meu pai. Hoje, minha família vive da produção e somos apaixonados pela arte de plantar e colher", afirma Carlos Roberto Rodrigues Prates, de 58 anos, associado à CoopUrb, primeira na modalidade da Capital.

Com verduras, legumes e frutas produzidas de forma orgânica, os mais de 100 cooperados ajudam na promoção de uma vida saudável e fomentam a economia da Capital, com geração de emprego e renda. A Cooperativa, que iniciou com 26 pequenos produtores de hortas e entregando dez cestas de verduras, em menos de dois anos conquistou espaço entre os consumidores e aumentou em mais de 100% as vendas.

Carlos Prattes trabalha em uma horta próxima ao Bairro Rita Vieira, onde cresceu com os pais e após décadas de plantio em solo, descobriu a magia das hidropônicas, graças ao incentivo da Cooperativa. Com as vendas aumentando, e produção a curto prazo, a força de trabalho da horta teve adesão da filha, genro e parentes. Agora são três gerações no plantio.

O produtor destaca que a maior dificuldade era nas vendas, e hoje com apoio logístico de distribuição das cestas de verduras e legumes com entrega nas casas dos clientes, o cenário melhorou 100%.

"Fui um dos primeiros a ingressas como cooperado e só tenho a agradecer. Temos muito mais rentabilidade, pois tudo que plantamos é vendido. Antigamente, essa era a nossa maior dificuldade e com a Cooperativa à frente, conseguimos liberar toda a produção. Fora, que a instalação para as hidropônicas foi um marco, já que as verduras saem limpas e ficam em estado de colheita em menos tempo", diz Carlos.

A Cooperativa criada em setembro de 2022 favorece aos seus cooperados, promovendo capacitações técnicas, auxiliando com insumos para a produção, além de estar presente na colheita, embalagem e distribuição logística.

O presidente da CoopUrb, Jair Galvão, explica que a ideia de instalar a Cooperativa surgiu de uma necessidade de apoiar os mini e pequenos produtores. O modelo de negócio consiste na venda de cestas em três tamanhos diferentes e preços acessíveis. As cestas variam entre hortaliças, legumes e frutas como alface-crespa e americana, rúcula, tomate-cereja, almeirão, couve, cheiro-verde, abobrinha, cenoura, beterraba, banana e alimentos que variam conforme a época do ano e a disponibilidade do produtor.

"Criamos a Cooperativa porque essa gama de produtores estava desassistida. São trabalhadores da terra, que proporcionam alimentos de qualidade a baixo custo. Nosso modelo hoje, por exemplo, oferece uma cesta de 5 itens a um valor de R$ 25,00 com entrega gratuita na casa do cliente. A CoopUrb agrega agilizando a documentação para os pequenos produtores, repassando técnicas e principalmente na comercialização que hoje é feita na sede e nas entregas das cestas em domicílio, dando comodidade ao cliente", ressalta Galvão. Ele também enfatiza que o custeio total de cada cesta sai em torno de 15% do valor final, representando um ganho de 85% aos cooperados.

Um dos destaques da CoopUrb são os produtos orgânicos, e Galvão explica que isso só é possível graças às técnicas de uso de produtos biológicos e fungicidas naturais. "Eles usam diversos produtos biológicos, também contam muitas vezes com as parcerias e assistências técnicas da Agraer e do Senar. Então, aprendem a conter o fungo com plantios de boldos na horta, que facilita no espanto das borboletas, que é um inseto que traz praga, e também temos a pimenta o alho que são defensivos naturais e muito utilizados.

Ao lado do pai
A paixão pelo plantio de hortaliças fez com que Yasmin Dias Rodrigues Prates, de 25 anos, deixasse o antigo emprego para trabalhar com o pai na horta. "A sensação é de satisfação, pois ver o cenário da horta se transformar por meio das nossas mãos não tem preço. Meu avô e meu pai sustentaram a família toda, através da horta, e expandimos bem nos últimos anos. A Cooperativa nos auxiliou tanto, que trouxe até o meu marido para cá para auxiliar na demanda", destaca a filha de seu Carlos Prates.

Para Yasmin, todo o pequeno produtor das hortas das sete regiões urbanas de Campo Grande, devem procurar a CoopUrb. "O fato de você ter um incentivo, uma ideia nova, uma técnica agrega muito. Escolhemos a hidroponia porque é mais fácil e não tem comparação com a horta de chão e o conhecimento sobre as ferramentas necessárias foram possíveis graças à equipe técnica".

Feliz da vida com os resultados, Jair Galvão, convida os pequenos produtores a conhecerem a CoopUrb que é associada à OCB/MS.

"Os produtores que se interessarem em fazer parte da cooperativa ou um empresário que queria também incentivar, as portas estão abertas. O produtor pode ir até nós, realizar o cadastro e logo estará apto para participar das vendas, receber insumos das parceiras e comercialização", finaliza o técnico ao mesmo tempo, em que aponta um grande cacho de banana fresquinho, e que estará em breve na mesa do campo-grandense.

O escritório da CoopUrb, onde ocorre a comercialização dos alimentos, fica instalado na Rua Santana, 1.750, Bairro Vilas Boas.

Geradoras econômicas
As cooperativas são grandes geradoras econômicas e propulsoras de emprego e renda. Conforme dados do Sindicato e Organização das Cooperativas Brasileiras no Mato Grosso do Sul (Sistema OCB/MS), o movimento cooperativista registra um crescimento expressivo e conquista a credibilidade no Estado.

Em 2023, a OCB/MS alcançou aproximadamente 514 mil cooperados, um incremento de cerca de 14% em relação ao ano anterior, com 126 cooperativas registradas e mais de 14 mil empregos diretos gerados, representando um aumento de 11% em comparação a 2022.

O presidente do Sistema OCB/MS, Celso Ramos Régis, destaca que o cooperativismo está presente em 76 dos 79 municípios de MS, cobrindo 95% do território. São mais de 499 unidades de atendimento instaladas no Estado, abrangendo sete segmentos: agropecuário, crédito, saúde, transporte, infraestrutura, consumo e trabalho, produção de bens e serviços.

"Esses números refletem o reconhecimento da sociedade de que as cooperativas são um modelo justo de gestão econômica, com distribuição equitativa de renda e oportunidades para todos os envolvidos. Em qualquer atividade humana existe a possibilidade de um empreendimento neste formato que prima, acima de tudo, por transparência e lisura das atividades, com resultados retornando diretamente a quem gera essa riqueza. Além é claro da inclusão financeira, social e do trabalho. Então o cooperativismo permeia todas essas oportunidades das comunidades", revela Celso.

Mato Grosso do Sul marca presença em Conferência Mundial de Cooperativas de Crédito
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Mato Grosso do Sul marca presença em Conferência Mundial de Cooperativas de Crédito

O cooperativismo sul-mato-grossense marcou presença na Conferência Mundial de Cooperativas de Crédito, que aconteceu entre os dias 21 e 24 de julho, em Boston, nos Estados Unidos.

Com o apoio do Sistema OCB/MS, a comitiva do MS contou com cerca de 25 participantes das cooperativas de crédito do MS, como Sicredi Campo Grande, Sicredi Centro-Sul MS/BA e Sicredi União MS/TO e Oeste da Bahia, além dos colaboradores da Casa do Cooperativismo.

O encontro anual é promovido pelo Conselho Mundial de Cooperativas de Crédito (WOCCU), e este ano reuniu mais de 2.500 representantes de 57 países, que debateram temas de impacto e grande relevância para o segmento financeiro do movimento cooperativista, como inovação, sustentabilidade e liderança.

Durante o evento, o deputado Arnaldo Jardim, presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Cooperativismos (Frencoop), foi homenageado pelo Conselho Mundial das Cooperativas de Crédito em reconhecimento à sua atuação e serviços prestados junto ao cooperativismo brasileiro, em especial ao cooperativismo de crédito.

O presidente do Sistema OCB/MS, Celso Ramos Régis, presente no evento, ressaltou a importância da homenagem ao deputado Arnaldo Jardim e enalteceu a inclusão do Cresol e do Sicoob como associados do WOCCU, aprovados em assembleia. “Estamos em uma delegação de cooperativas de créditos do MS, junto também com presidentes e autoridades das OCBs do Brasil e poder presenciar essa homenagem ao deputado e ver duas grandes cooperativas de crédito serem aprovadas para se tornarem associadas ao WOCCU é uma grande conquista para o cooperativismo brasileiro.”, destacou Celso Régis.

A participação ativa da comitiva sul-mato-grossense reafirma o compromisso das cooperativas locais com o desenvolvimento e fortalecimento do cooperativismo de crédito, buscando sempre novas práticas e conhecimentos para melhor servir seus associados e a comunidade.

 

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