Tornar mais efetiva a comunicação com a base e ampliar o alcance das ações de representação dos interesses do cooperativismo brasileiro, no âmbito do Executivo, do Legislativo e do Judiciário. Essas são as razões da reorganização do número de ramos do movimento cooperativista nacional, aprovada pela assembleia geral ordinária da OCB, na quarta-feira passada.
Antes disso, o cooperativismo brasileiro era classificado nos seguintes segmentos: agropecuário, consumo, crédito, educacional, especial, habitacional, infraestrutura, mineral, produção, saúde, trabalho, transporte, turismo e lazer. Com a aprovação dessa nova classificação, as quase sete mil cooperativas brasileiras passam a integrar sete ramos.
O presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, explicou que nada muda na rotina das cooperativas e que a mudança se faz necessária para promover o fortalecimento e dar maior representatividade para alguns segmentos de cooperativas. Confira na entrevista!
Porque o cooperativismo é dividido em ramos?
A classificação das cooperativas brasileiras em ramos é necessária para que a OCB se organize internamente e, assim, otimize os esforços de suas equipes, com vista ao máximo aproveitamento das ações de representação dos interesses dos cooperados junto aos Três Poderes. Vale dizer que a Lei nº 5.764/1971 não faz essa classificação, mas a OCB, seguindo a tendência mundial de segmentar para melhor representar e visando dar cumprimento às suas competências legais, deliberou fazer o mesmo.
Simplificando: o que queremos é conversar melhor com a nossa base, debatendo com elas as suas necessidades, agrupando-as conforme suas afinidades e, por fim, construindo um ambiente cada vez mais sólido para que se desenvolvam com sustentabilidade.
Porque repensar esse formato?
Para darmos cumprimento às competências da OCB, em especial a de defesa e representação das cooperativas, de maneira mais efetiva. A reclassificação traz como principal benefício o atendimento do Sistema OCB com maior representatividade, em uma organização que apresenta ramos robustos. Além disso, a organização em grandes setores é mais adequada e flexível para se adaptar às rápidas mudanças de mercado e inovação. E como consequência temos uma maior padronização, alinhamento de discurso e comunicação mais assertiva.
Como foi o processo de reorganização dos ramos?
A OCB, através de um grupo de trabalho constituído por representantes de todas as regiões, indicados pela Diretoria, estudou critérios elegíveis para aglutinação, como como legislação própria, regulação específica e impactos tributários. Em dezembro (2018), apresentamos o resultado desse processo tanto à Diretoria quanto à assembleia geral extraordinária, oportunizando que fossem apresentadas sugestões, que seriam posteriormente avaliadas pelo grupo de trabalho. E, agora no dia 26/3, validamos a reorganização junto à Diretoria da OCB, apresentando os resultados e encaminhamentos na assembleia geral ordinária, realizada no dia seguinte (27/3).
Como fica agora?
Então, como já dissemos, dos 13 ramos que tínhamos, contaremos agora com sete. Alguns deles foram agrupados a outros, podendo haver reclassificação das cooperativas a partir desta reorganização. As mudanças são as seguintes:
- Ramo Produção de Bens e Serviços: é a nova denominação do antigo Ramo Trabalho. A partir de agora, esse novo ramo engloba as cooperativas que prestam serviços especializados a terceiros ou que produzem bens tais como beneficiamento de material reciclável e artesanatos, por exemplo. Ele reúne todas as cooperativas de professores e dos antigos ramos: produção, mineral, parte do turismo e lazer e, por fim, especial.
- Ramo Infraestrutura: composto por cooperativas que prestam serviços relacionados à infraestrutura a seus cooperados. Por exemplo: geração e compartilhamento de energia elétrica e, agora, com a incorporação do Ramo Habitacional, também terá as cooperativas de construção de imóveis para moradia.
- Ramo Consumo: composto por cooperativas que realizam compra em comum tanto de produtos quanto de serviços para seus cooperados (supermercados, farmácias). Engloba, também, as cooperativas formadas por pais para contratação de serviços educacionais e também aquelas de consumo de serviços turísticos (antigamente classificadas dentro do Ramo Turismo e Lazer).
- Ramo Transporte: este ramo preserva sua nomenclatura, mas seu conceito foi ajustado. A definição do ramo passa a trazer expressamente a condição do cooperado de proprietário ou possuidor do veículo. Deste modo, cooperativas formadas de motoristas de veículos de carga ou de passageiros, que não detenham a posse ou propriedade destes, devem ser classificadas no Ramo Produção de Bens e Serviços; Além disso, as cooperativas que se dediquem a transporte turístico, transfers, bugues, cujos cooperados sejam proprietários ou possuidores dos veículos e que eventualmente estejam enquadrados no Ramo Turismo e Lazer devem ser reclassificadas para o Ramo Transporte.
- Ramo Saúde: composto por cooperativas formadas por médicos, odontólogos ou profissionais ligados à área de saúde humana, enquadrados no CNAE 865. O novo Ramo Saúde também engloba as cooperativas de usuários que se reúnem para constituir um plano de saúde, pois são consideradas operadoras.
- Ramo Agropecuário: composto por cooperativas relacionadas às atividades agropecuária, extrativista, agroindustrial, aquícola ou pesqueira. Não sofreu alteração.
- Ramo Crédito: composto por cooperativas que prestam serviços financeiros a seus cooperados, sendo-lhes assegurado o acesso aos instrumentos do mercado financeiro. Não sofreu alteração.
Diante da modernização dos ramos, como fica o modelo de governança?
Com essa simplificação, também estamos estudando a alteração do modelo de governança deles. Dessa forma, a proposta a ser debatida trará apenas sete conselhos consultivos e, dentro deles, câmaras temáticas. Com isso, cada coordenador de cada câmara assume, automaticamente, a função de conselheiro. Basicamente, as mudanças a serem discutidas ao longo deste ano no âmbito dos Conselhos Consultivos são as seguintes:
- Ramo Produção de Bens e Serviços
- Câmara Temática das Cooperativas de Trabalho;
- Câmara Temática das Cooperativas Sociais (antigo Ramo Especial);
- Câmara Temática das Cooperativas de Garimpeiros;
- Câmara Temática das Cooperativas de Produção;
- Câmara Temática das Cooperativas de Professores;
- Câmara Temática das Cooperativas de Profissionais do Turismo.
- Ramo Infraestrutura
- Câmara Temática das Cooperativas de Geração Distribuída;
- Câmara Temática das Cooperativas de Energia e Telecom;
- Câmara Temática das Cooperativas de Irrigação;
- Câmara Temática das Cooperativas Habitacionais.
- Ramo Consumo
- Câmara Temática das Cooperativas de Consumo;
- Câmara Temática das Cooperativas de Consumo de Serviços de Turismo;
- Câmara Temática das Cooperativas de Pais.
- Ramo Transporte
- Câmara Temática das Cooperativas de Transporte de Cargas;
- Câmara Temática das Cooperativas de Transporte de Passageiros.
E, por último, os Conselhos Consultivos dos ramos Agropecuário, Crédito e Saúde não sofreram alterações em sua estrutura.
O que muda, na prática, para as cooperativas?
Nada. As cooperativas não terão nenhum ônus com essa reclassificação. A rotina delas segue normalmente. É importante reforçar que a classificação, como dito, tem seu alcance apenas internamente, na organização da representação e defesa das cooperativas. Não se presta, portanto, para definir o tratamento tributário, o enquadramento sindical ou mesmo a legislação aplicável a cada ramo. Todos esses pontos seguem sendo analisados a partir do objeto social e dos atos praticados pela cooperativa com seus cooperados.
Qual o papel das organizações estaduais nesta reorganização?
As organizações estaduais têm um papel essencial no processo de transição dessa nova forma de classificação. Além de divulgar a novidade, nossas equipes nos estados têm a tarefa de reclassificar, internamente, as cooperativas de acordo com essa nova conceituação. Elas têm até o dia 31/10 para concluir essa fase e, para informar à unidade nacional, as mudanças ocorridas em seus sistemas. Isso é importante para que nós, do nacional, realizemos a atualização no nosso sistema, até o dia 31/12. Estimamos que, pelo menos, mil cooperativas necessitem de reclassificação, mas repito: na prática, nada muda para as cooperativas.
No próximo dia 11/4, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) promoverá um debate sobre o programa Selo Agro+ Integridade. A Organização das Cooperativas Brasileiras e a Confederação Nacional da Agricultura são parceiros do evento, destinado a empresas, cooperativas e entidades de representação do setor produtivo.
O objetivo é debater as perspectivas das ações de integridade pública e, também no setor privado, com foco no agronegócio. O evento ocorrerá das 8h30 à 12h, no auditório da Confederação, no Setor Bancário Norte, em Brasília.
A abertura contará com as presenças dos ministros Tereza Cristina (MAPA) e Wagner de Campos (CGU) e, ainda, do diretor da Secretaria Executiva Agroambiental do Tributal de Contas da União, Vinícius Neves, e dos presidentes Márcio Lopes de Freitas (OCB) e João Martins da Silva Junior (CNA).
O programa Selo+ Integridade tem como objetivo fundamental o reconhecimento de boas práticas de produção pelos diversos setores do agronegócio, sob a ótica da responsabilidade social e sustentabilidade, e ainda o esforço para mitigação das práticas de fraude, suborno e corrupção.
PROGRAMAÇÃO
Confira abaixo a programação:
COMO RECEBER O SELO
As cooperativas agropecuárias poderão obter o Selo Agro+ Integridade (edição 2019-2020) para adicionar nas embalagens de seus produtos. Para isso, basta que elas participem de uma seleção de identificação daquelas que estão de acordo com as regras do programa. As inscrições começam no dia 1º/2, vão até o dia 31/5 e devem ser feitas diretamente do site do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. (Link)
O mercado consumidor internacional é – e sempre foi – foco da atuação da OCB que, há 30 anos, participa das reuniões do Conselho de Administração da Aliança Cooperativa Internacional (ACI). Na última semana, representantes de 20 países, dentre eles o Brasil, se reuniram em Matera, na Itália, para realizar a primeira reunião do conselho, em 2019.
Ao longo dessas três décadas, os representantes brasileiros, indicados pela OCB, têm sido eleitos para assumir a função de conselheiro do maior representante do cooperativismo em nível global e uma das organizações não-governamentais mais antigas do mundo.
A reunião foi organizada em parceria com a Aliança Italiana de Cooperativas, entidade recentemente criada para representar o movimento cooperativista nacional e que é formada pela Confederação Italiana de Cooperativas (Confecooperative), pela Liga Italiana de Cooperativas (Legacoop) e pela Associação Geral das Cooperativas Italianas (AGCI).
O local do encontro não foi escolhido à toa. Matera foi considerada a capital europeia da cultura em 2019, juntamente com a cidade búlgara de Plovdiv. Terceira cidade mais antiga do mundo, Matera está localizada no sul da Itália e é rica em história e cooperativismo.
Além das reuniões do Conselho e dos organismos setoriais da ACI, a delegação brasileira participou de uma conferência internacional de cooperativas culturais. O evento reuniu dirigentes europeus de cooperativas que oferecem serviços de turismo e gestão do patrimônio histórico.
Com a experiência de mais de 20 anos no mercado de fios de algodão, indústria passou a investir em fio com mistura poliéster/algodão
Recentemente, a Fiação da Cooperativa Copasul iniciou a ampliação de seu portfólio de produtos. Com a experiência de mais de 20 anos produzindo fios 100% algodão, agora a indústria, iniciou a produção de fios com mistura poliéster/algodão.
A nova linha produz cerca de 280 toneladas de fios por mês. Segundo o Gerente da unidade, João Câncio Neto, o objetivo do projeto, além de ampliar o volume de produção, permite a diversificação de fio têxtil para atender uma tendência, principalmente no segmento da moda, onde o consumo de fios com mistura de algodão e fibras sintéticas vem aumentando há alguns anos. No fio 100% algodão a produção chega a 1000 toneladas/mês. Atualmente a indústria gera mais de 120 empregos diretos em Naviraí.
Para a Copasul, esta nova linha se torna importante, devido a um projeto futuro de duplicação da Unidade Industrial de Fios. Atualmente a produção é enviada para pequenas, médias e grandes confecções localizadas principalmente nos Estado de Santa Catarina e São Paulo. As peças produzidas nesses locais variam entre cama, mesa, banho, calças jeans, camisetas, camisas, entre outros. Uma dessas confecções é a empresa Nicaltex, localizada em Blumenau, Santa Catarina, e que é cliente há mais de 08 anos dos fios 100% algodão, e foi um dos primeiros clientes a adquirir poliéster. "Nesses oito anos, tivemos satisfação plena com eles, na pontualidade de entregas e qualidade do produto,fomos um dos primeiros a comprar o poliéster e isso foi uma ideia muito positiva", disse o proprietário da empresa, Umbelino Castelo.
O cooperativismo brasileiro de saúde é o maior do mundo. As cooperativas médicas e odontológicas asseguram atendimento a mais de 30 milhões de pessoas, em mais de 85% do território brasileiro, onde mais de 350 mil postos de trabalho e emprego são gerados e mantidos.
Os números foram apresentados a parlamentares do Congresso Nacional, nesta terça-feira (2/4), por integrantes da Coordenação Colegiada do Ramo Saúde, pelo presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, e pelo superintendente, Renato Nobile. Os dados surpreenderam o senador Nelsinho Trad (MS), que coordena as demandas do Ramo Saúde na Frente Parlamentar do Cooperativismo (Frencoop) e o deputado federal Evair de Melo (ES), que preside a Frente.
Nelsinho Trad, que conhece de perto o cooperativismo por ter feito parte de uma cooperativa médica, fez questão de reafirmar seu compromisso com o cooperativismo de saúde. "Vou defender o cooperativismo com muito entusiasmo! Porque acredito que esse é o caminho do futuro!"
NECESSIDADE DE AVANÇO
A reunião ocorreu no gabinete do senador e teve um caráter de aproximação entre aqueles que defendem os interesses das cooperativas no Congresso Nacional e suas diversas instâncias de representação no país. As lideranças debateram a necessidade de se avançar em questões relacionadas ao financiamento da saúde no Brasil, às mudanças no modelo assistencial e de remuneração, à qualificação contínua da regulação da saúde suplementar e ao reconhecimento efetivo do Sistema OCB como interlocutor importante no setor de saúde brasileiro.
COORDENAÇÃO
A Coordenação Colegiada do Ramo Saúde é composta pelos presidentes Orestes Pullin (Unimed do Brasil), José Alves (Uniodonto do Brasil) e Eudes Magalhães, presidente da Confederação Brasileira das Cooperativas Médicas (Confemed), que não pode comparecer. A reunião contou ainda com a presença de Alexandre Ruschi (Central Nacional Unimed) e do diretor da Unimed do Brasil, Valdmario Rodrigues.
PAUTAS PRIORITÁRIAS
Dentre as principais demandas do cooperativismo de saúde encontram-se as seguintes:
- Possibilidade de realização de parcerias público-privadas com governos (assunto bastante debatido durante a reunião);
- Criação de linhas de crédito e financiamento junto ao BNDES;
- Participar do Conselho Nacional de Saúde e de outras câmaras e conselhos com as quais o sistema cooperativo possa contribuir e debater;
- Revisão de normativos.