O estande do movimento SomosCoop é o espaço mais visitado de toda 14ª edição do Congresso Brasileiro do Cooperativismo. Os mais de 1,5 mil participantes recorrem ao local a fim de verem de perto como 30 cooperativas estão utilizando o carimbo da iniciativa em seus produtos, serviços, publicações e materiais diversos.
Um dos visitantes do espaço foi Fernando Schwanke, secretário de Agricultura Familiar e Cooperativismo, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Ele se mostrou bastante entusiasmado com a proposta do movimento Somoscoop, de divulgar tudo que é feito pelas mãos de cooperados.
Além disso, o secretário destacou a necessidade de as cooperativas ampliarem seu nível de qualificação e processos internos, visando o mercado internacional. “As cooperativas têm que estar preparadas para competir. Isso trará muita competividade e força para que acessem desde os mercados menos exigentes até os mais complexos do mundo. É fundamental se dar conta de que, quem está preparado, acessa qualquer mercado”, avalia.
Em 2017, último ano de divulgação dos dados segmentados das exportações brasileiras, as cooperativas movimentaram mais de US$ 6 bilhões, exportando produtos como carnes, grãos e frutas, a países dos continentes europeu, americano e asiáticos.
UNIÃO
Além de mostrar os rostos por trás de um rótulo e, ainda, todos os CPFs que integram um único CNPJ, o Movimento SomosCoop representa a união entre todas as cooperativas do país.
“Esse carimbo, traz o significado de time. Nós, cooperativistas, somos um grande time, que jogamos em prol do desenvolvimento econômico do país. Quando as cooperativas assumem esse carimbo em seus produtos e serviços, elas mostram à sociedade aquilo que temos de mais forte em nós: a união”. Gilberto Ronchin, da cooperativa de crédito Crevisc (SC)
“Independentemente da marca das cooperativas, o carimbo SomosCoop mostra que estamos unidos e que trabalhamos de forma cooperada. Acredito muito que esse carimbo pode influenciar o consumidor na hora de decidir o que vai comprar, pois quem conhece o cooperativismo se apaixona. Ele materializa a relação de ganha-ganha que todo mundo quer.” Michele Silva, da cooperativa Unicredi/MT
Quem achou que o 14º Congresso Brasileiro de Cooperativismo Brasileiro seria apenas um olhar para o futuro se enganou. No fim das atividades desta quinta, 9, foi realizado o lançamento de livros que tratam sobre o cooperativismo brasileiro, no momento atual. Confira!
AS OBRAS
- José Aroldo Galassini: uma visão compartilhada – Dessa vez Elias Awad, escritor, palestrante, jornalista e administrador de empresas, escolheu contar a história de José Aroldo Gallassini, presidente da maior cooperativa agrícola da América Latina, a Coamo.
- A tributação das sociedades cooperativas de crédito – Entender as unidades cooperativas brasileiras, focando, principalmente, no cooperativismo de crédito e as formas de tributação das atividades cooperativistas no contexto legal brasileiro. Essa é a obra do Mestre em Direito Empresarial, pela Faculdade de Direito Milton Campos.
- Cooperativismo financeiro: virtudes e oportunidades. Ensaios sobre a perenidade do empreendimento cooperativo – O gaúcho Ênio Meinen, pós-graduado em Direito da Empresa e da Economia pela Fundação Getúlio Vargas, dentre outras qualificações, trás em seu livro uma reflexão para o futuro do cooperativismo financeiro.
Ariel Guarco, presidente da Aliança Cooperativa Internacional (ACI), foi um dos principais convidados da 14ª edição do Congresso Brasileiro do Cooperativismo (CBC) e participou da abertura do evento. A ACI tem um importante papel na defesa e preservação dos princípios do cooperativismo, promovendo intercâmbios e melhores práticas entre os cooperados em mais de 100 países ao redor do mundo. A presença da liderança internacional foi um dos pontos altos da mesa, pois tratou justamente da estratégia e dos desafios para setor.
Durante sua palestra, Ariel falou que um dos desafios está na valorização e cuidado com o ser humano – que é parte essencial da dinâmica do cooperativismo. Segundo o presidente, este deve ser o primeiro passo para alcançar o desenvolvimento econômico e social por meio da atividade cooperativista.
Ariel apontou que o modelo vem sendo procurado pelos jovens, que enxergam as cooperativas como uma oportunidade não apenas para seu crescimento profissional e pessoal, mas também para contribuir com o bem-estar do ambiente em que vivem.
O presidente da Aliança também destacou que estava muito feliz em participar do evento e por fazer parte da celebração histórica dos 50 anos de existência do Sistema OCB ao lado do presidente do Sistema, Márcio Lopes de Freitas.
Confira a íntegra da que ele disse:
Do ponto de vista do cooperativismo global – um movimento que representa mais de 1.200 pessoas – nossos desafios estão diretamente relacionados aos mesmos que enfrentamos como humanidade. Em primeiro lugar, temos de cuidar da casa: a casa comum, a casa global. Como definiu Papa Francisco, essa casa hoje está em risco, pois não estamos agindo como deveríamos. Consumimos sem responsabilidade e, assim, contribuímos para que os produtores rurais produzam da mesma maneira. Nesse sentido, o cooperativismo, a OCB, através desses 50 anos, tem dado claros sinais que há uma forma diferente de consumir e gerar.
Em segundo, precisamos cuidar de quem vive nesta casa: o ser humano, que sempre deve ser o centro de nossos objetivos. Somos um movimento humano, guiado por princípios e valores, com padrões internacionais. Nos diferenciamos por justamente priorizar o desenvolvimento do ser humano acima de tudo.
É tão comum vermos modelos econômicos que priorizam e valorizam o capital. Nós não negamos o capital, ele é necessário – dependemos dele como empresas. Nossas empresas devem um retorno à economia e à sociedade. Mas entendemos que o núcleo de todos os objetivos e preocupações tem que ser o ser humano e não o capital. Nesse sentido, vem nossa grande preocupação com o trabalho do futuro: quais serão os novos desafios, as formas de trabalho para os jovens que estarão ingressando nos próximos 10 ou 15 anos.
Para evoluir neste sentido, temos trabalhado em parceria com a Organização Internacional do Trabalho. Já tivemos conversas profundas com seu diretor-geral, Guy Ryder, e ele nos disse que enxerga as cooperativas como verdadeiras incubadoras de novas formas de trabalho. Isso é real. Todos os dias, jovens elegem o modelo cooperativo como organização. Eles entendem que o modelo permite o desenvolvimento profissional, agregando também o desenvolvimento de todo seu entorno.
Ninguém pode realmente viver uma vida feliz, de respeito ao meio ambiente – uma vida completa, plena e realizada se o meio ambiente e suas comunidades não estão se desenvolvendo de forma sustentável. Se não houver desenvolvimento, permanecemos cercados apenas pelas crises que temos enfrentado em todo o mundo.
O 14º Congresso Brasileiro do Cooperativismo trouxe em sua programação o workshop Colaboração e Cooperação. Iniciado na quarta-feira (8/5), o encontro apresentou aos participantes novas técnicas de mercado, onde o cooperativismo pode gerar lucro com uma consciência coletiva e, assim, buscar impactos positivos no cenário global, com maior abertura comercial, mas mantendo o foco nas relações entre colaboradores, mercado e clientes.
A temática do impacto da transformação digital e social tem sido um tema debatido com frequência por quem está diretamente no mercado. E Este assunto foi um dos destaques do workshop, que teve Pedro Mello e Mauro Peres, ambos da Reset – especialistas em treinamentos sobre gestão de vendas e Open Leaders Organization, como palestrantes.
‘‘A gestão colaborativa surgiu em oposição aos modelos tradicionais, cuja a figura do líder está relacionada ao poder e ao conhecimento como uma forma de hierarquia linear. Neste tipo de gerenciamento, todos os setores de uma empresa compartilham responsabilidades para o sucesso do negócio. Em um ambiente colaborativo, todos são incentivados a aplicarem suas ideias e talentos em prol de um conjunto’’, afirmou Pedro Mello.
E é aí que além de garantir o desenvolvimento social da comunidade na qual está inserida, a cooperativa pode se transformar constantemente ao se apoderar de ferramentas que facilitam o dia a dia de acesso à serviços, seja através de aplicativos ou soluções móveis. Segundo Pedro, inovar é levar em conta o pensamento criativo e os novos processos para melhorar os resultados que se deve oferecer aos clientes. ‘‘Em momentos de crise, a inovação se torna uma vantagem competitiva e coloca o gestor à frente do mercado na volta do crescimento econômico”.
Para ele, a transformação não exige muito para ocorrer. “As organizações têm uma maneira equivocada de acreditar que grandes feitos vão trazer resultados grandiosos e não é necessariamente desse jeito. Toda transformação começa de uma forma muito significativa e particular, pautada na construção de um ambiente seguro e de confiança para os colaboradores que, só assim, podem colaborar mais. São pequenas intervenções capazes de gerar grandes mudanças. Colaboradores mais motivados e confiantes implementam coisas rápidas, práticas e o índice de cooperação é muito mais eficaz”, disse o especialista.
GESTÃO COLABORATIVA
Junto com um ambiente dinâmico e criativo, o colaborativo é a nova forma de gerir negócios. A gestão colaborativa foi o tema abordado na segunda parte do workshop, apresentado por Mauro Peres, nesta quinta-feira (9), e abordou os pilares para o desenvolvimento de uma geração de empresas focadas em alcançar a excelência na gestão.
“Estamos vivendo a terceira grande revolução histórica. Primeiro foi a agricultura e a revolução industrial, agora a revolução tecnológica demanda um foco maior das empresas e necessita que elas sintam e ouçam seus clientes. Atualmente, o mundo gira muito rápido e as empresas precisam se adaptar a esse novo momento mercadológico. Uma coisa é certa: o momento é decisivo para que organizações pensem em pessoas, retenham talentos e incentivem os colaboradores. Em ambientes colaborativos, onde todos falam a mesma língua, os resultados finais são muitos mais positivos que a de empresas que continuam insistindo em um modelo antigo e ultrapassado”, afirmou Peres.
O Congresso Brasileiro de Cooperativismo ainda debate outros temas como os métodos de comunicação interna e externa, mudanças políticas e econômicas, os desafios de cativar novas gerações e desenvolver novas lideranças, entre outros.
Despertar o orgulho de fazer parte de um dos modelos de negócios mais humanizados do mundo e, ainda, divulgar para a sociedade a importância das cooperativas – e seus produtos – para o país. Estes são objetivos do Movimento SomosCoop, tema de um dos painéis da 14ª edição do Congresso Brasileiro do Cooperativismo. O evento reúne mais de 1,5 mil pessoas de todos os cantos do país, em Brasília, para discutir as estratégias do cooperativismo do futuro.
E, como o Movimento SomosCoop está na fase de sensibilização das cooperativas para que usem o carimbo da campanha em seus produtos e serviços, a ideia de debater o assunto durante o CBC foi a de apresentar três casos de sucesso: o do Sistema Ocepar e o das cooperativas Cocamar e Unimed, que realizaram um trabalho intenso de mostrar, internamente, a necessidade de se fazer parte do movimento.
O painel contou com a participação da gerente de Comunicação Social do Sistema OCB, Daniela Lemke, e dos gestores de comunicação Samuel Milléo (Ocepar), Sabrina Morello (Cocamar) e Aline Cebalos (Unimed Brasil). Todos foram enfáticos ao afirmar que o cooperativismo é um movimento transformador de realidades, mas, para que isso ocorra, de fato, é necessária uma ação em rede, ou seja, integrada nacionalmente, mobilizando todas as cooperativas do país. Só assim, disseram, a sociedade poderá reconhecer a importância socioeconômica do cooperativismo brasileiro.
Para conhecer mais sobre o Movimento SomosCoop e baixar todo o pacote de informações sobre o uso do carimbo, clique aqui.