Porter e as cooperativas de crédito
Roberto Rodrigues*
A grande imprensa mostrou recentemente o notável crescimento das cooperativas de crédito nos últimos anos, em comparação com o que cresceram os bancos que operam no Brasil. Elas cresceram 20% desde o ano 2010, contra 11% dos bancos médios e 16% dos grandes bancos. Essas organizações são ligadas a quatro grandes corporações (Sicredi, Sicoob, Unicred e Confesol) e estão dispersas em todo o território nacional, mas, se pudessem ser consideradas como um sistema unitário, sua somatória já equivaleria ao sexto maior banco de varejo, com ativos da ordem de 126 bilhões de reais, e atrás apenas de Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Caixa Econômica, Bradesco e Santander.
Como cooperativas, não buscam lucro, de modo que conseguem atuar com juros menores que os bancos. Atualmente, os juros de crédito pessoal estão por volta de 2,1% ao mês, enquanto os bancos cobram 6,1%, quase 3 vezes mais. Ocupam apenas 3% do mercado financeiro, muito pouco ainda, mas certamente crescerão bastante, embora dentro de um mercado altamente competitivo com um Sistema Financeiro moderníssimo e bem organizado. Como enfrentarão essa "briga"?
Assisti no final de março, na Escola de Negócios de Harvard, em Boston, a uma interessante palestra do "guru" Michael Porter sobre concorrência e competitividade. Os conceitos emitidos por ele parecem óbvios, mas na verdade são extremamente complexos. Começou dizendo que uma empresa não deve tentar "apenas" ser a melhor. Isso acaba criando uma concorrência destrutiva, uma competição de soma zero.
Cada empresa concorrente, nesse modelo, oferece a mesma coisa, e ora uma, ora outra, está na frente, dependendo da inovação técnica ou de gestão que incorporaram. Mas logo essa melhoria é superada pela concorrente, e todo mundo está oferecendo mais do mesmo. O cliente, então, escolhe o produto ou serviço oferecido pelo melhor preço. E não se fideliza. E Porter arrematou: "O sucesso de um não pode depender do fracasso de outro: se você oferece uma coisa e seu concorrente oferece outra, ambos podem ganhar".
Ora, então o que, na realidade, diferencia uma empresa da outra num mercado aberto? A resposta, segundo Porter, é clara: "você não pode querer ser apenas o melhor, tem que ser ÚNICO. Procure se especializar em algo que só você sabe fazer"! Em sua estratégia, uma empresa não deve apenas olhar para o futuro pensando em inventar uma maneira de ser a melhor para ganhar a concorrência.
Deve, isto sim, buscar ser uma empresa única, capaz de entregar valores únicos aos clientes que escolhe atender. Portanto, nunca se deve confundir estratégia com meta ou visão. Crescer e ser a número um do mercado é meta, estratégia é ser diferente. Produtos diferenciados devem agregar valores aos clientes escolhidos para servir.
A essência, diz Porter, está nas escolhas. Ora, as cooperativas de crédito são diferentes por definição: não buscam lucro. Isso já significa que são ÚNICAS? Não necessariamente. Mas devem buscar esse diferencial a mais para alcançar o crescimento que bancos cooperativos de outros países já conseguiram. E a resposta para essa instigante questão está nos princípios e valores da doutrina, especialmente o sétimo princípio criado em 1995 pela ACI, o da preocupação com a comunidade.
* Coordenador do Centro de Agronegócio da FGV, embaixador especial da FAO para o Cooperativismo Brasileiro e presidente do LIDE Agronegócio
(Fonte: AGROANALYSIS – MAI/2016)
Estiveram reunidos nesta quarta-feira, dia 13, na sede da Casa do Cooperativismo OCB/MS, o presidente do Sindicato das Cooperativas Celso Ramos Regis e o assessor jurídico José Henrique Vigo com o Presidente e Vice Presidente da FENATRACOOP, Mauri Viana e Gilmar Oliveira. No encontro foram discutidos temas pertinentes a negociação coletiva 2016/2017, bem como ações que visem o crescimento e o fortalecimento do sistema sindical cooperativista no estado do Matro Grosso do Sul, bem como em toda região Centro Oeste.
O Sistema OCB acaba de editar a versão 2016 da cartilha Cooperativismo e Eleições, focada no processo eleitoral dos municípios brasileiros. O material, que está sendo enviado às cooperativas do país nesta semana, também está disponível online. A intenção é contribuir para que cooperativas e cooperados do Brasil reflitam sobre a importância do momento. De caráter didático, a publicação apresenta as regras do processo eleitoral com base nas leis específicas.
“Consideramos a cartilha um estímulo para o voto consciente. Nosso objetivo é incentivar a participação no processo político de forma concreta e efetiva. As cooperativas podem e devem fazer parte desse momento, afinal, nosso setor é forte e merece ser ouvido”, aponta Tânia Zanella, gerente geral da OCB.
A cartilha esclarece dúvidas e apresenta dicas para os eleitores, além de atualizar as regras estabelecidas pela legislação eleitoral. A principal mudança desta edição é que, em 2016, as pessoas jurídicas (incluídas aqui as sociedades cooperativas) não podem realizar doações. Ainda, o material explica como participar ativamente destas eleições, de forma ética e transparente.
VIA DIGITAL – Um exemplar impresso será enviado para cada cooperativa integrante do Sistema OCB. O material também está disponível para download clicando aqui.
SABER COOPERAR – A 21ª edição da revista Saber Cooperar traz também uma reportagem especial sobre o voto consciente. As eleições marcadas para o mês de outubro assinalam uma boa oportunidade para o movimento cooperativista reforçar sua atuação no processo democrático. É com este pensamento que o Sistema OCB, em conjunto com as organizações estaduais, incentiva a participação da categoria no processo político.
O superintendente do Sistema OCB, Renato Nobile, lembra que o desenvolvimento do cooperativismo se encontra estreitamente relacionado ao processo eleitoral, na medida em que, por meio do voto, o cooperado pode ajudar a eleger candidatos que levantem a bandeira do cooperativismo na discussão de legislações e políticas de inclusão produtiva e desenvolvimento regional. “A gente estimula as cooperativas a participarem do processo político porque, quanto maior essa participação, mais teremos apoio efetivo na construção de uma agenda positiva para as cooperativas”, explica.
“A gente estimula as cooperativas a participarem do processo político porque, quanto maior essa participação, mais teremos apoio efetivo na construção de uma agenda positiva para as cooperativas”, explica Nobile.
A pecuária de corte é o assunto principal de uma série de eventos que serão promovidos em Mato Grosso do Sul nos próximos dias na chamada de “Semana da Carne”. A programação será aberta na segunda-feira (18) como o início da Beef Week, um movimento da cadeia produtiva da carne bovina que tem como objetivo aumentar a percepção dos centros urbanos e dos consumidores em relação à qualidade do produto brasileiro.
Na Beef Weef, do dia 18 ao 24 de julho, em Campo Grnade, e de 22 a 31 de julho, em Bonito, mais de 40 restaurantes dos mais variados tipos oferecerão pratos à base de carne bovina, assinados por chefes da Associação dos Cozinheiros Profissionais do Pantanal (ACPP), com valor de até R$ 50. Para conferir a relação de estabelecimentos participantes clique aqui!
A Beef Week é promovida pela Verum Eventos e tem como co-realizadores a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel MS), a Federação de Agricultura e Pecuária do estado (Sistema Famasul), a Federação das Indústrias (Sistema Fiems), a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Sistema Fecomércio MS), o Sebrae/MS, o Sest/Senat e o governo do estado.
“Além da integração de diversas entidades para valorizar a carne, o diferencial da Beef Week MS é a grande diversidade de perfis de bares e restaurantes, a variedade de pratos, os diferentes tipos de utilização da carne”, destaca a diretora da Verum Eventos, Carla Tuccilio.
A Beef Week ocorre paralelamente ao Circuito Intercorte, que será promovido entre os dias 20 e 21 de julho, no Centro de Eventos Albano Franco, em Campo Grande, justamente para aproveitar o momento em que o setor produtivo se encontra para discutir tecnologias e melhorias na produção de carne. Para conferir a íntegra da programação do Circuito Intercorte clique aqui.
Promovido pela quinta vez na cidade, a expectativa deste ano do Circuito Intercorte é reunir um número recorde de participantes, que em dois dias participam de palestras e debates sobre as novas tendências do mercado, programas de fidelidade, evolução genética, recuperação de pastagens, nutrição, remuneração por qualidade, manejo racional, manejo sanitário, suplementação e gestão em torno do tema central: pecuária de ponta a ponta.
Durante o Circuito InterCorte, no Centro de Eventos Albano Franco, além de palestras de debates, haverá no local a Cozinha Show, promovida pelo Senac e pelo Sebrae/MS, com oficinas gratuitas sobre os temas: “Bisteca do Granito", "Short Ribs - Costela Premium", "Shoulder - Paleta com Osso", "Kafta Burguer", "Ossobuco acompanhado de pirão de tutano", “Porpeta de Pescoço","Bisteca da Minga", "Mala de Doido – Pacuzinho.
O Sebrae e o Senai também terão palestras com os temas “Cortes de Carne”, “Turismo Gastronômico: Como transformar o seu negócio em uma atração turística?”, “Cozinha Central: Mais Produção e Menos Custos”, “Vinhos: uma ferramenta para potencializar seu lucro”, “Cervejas artesanais”, “Meu negócio sobre rodas: Food Truck” e “No espetinho da esquina!”.
Circuito Pecuário Famasul
Um dos destaques da programação do Circuito Intercorte é a realização no dia 20 de julho, às 17h, do Circuito Pecuário – Sistema Famasul. O evento, cujo tema é 'Criando oportunidades, construindo soluções’, tem como finalidade levar ao produtor informações atualizadas sobre o setor e, deste modo, auxiliá-lo em suas decisões de compra e venda. O consultor em marketing José Luiz Tejon Megido ministrará a palestra “Quem vai ao futuro e quem fica no presente? Os desafios dos produtores rurais”.
Para o presidente do Sistema Famasul, Mauricio Saito, associar os eventos oportuniza unir todos os elos da cadeia produtiva. "Esta edição da InterCorte 2016, promovido em parceria com várias instituições, tem como diferencial retratar a produção pecuária, do campo à indústria, do pasto à mesa do consumidor. Será mais uma ocasião para consolidar o Circuito Pecuário que tem sido um sucesso de público por onde passa e isso é a prova de que o produtor vem apresentado um perfil cada vez mais empreendedor", destaca Saito.
Dia de Campo Carne Carbono Neutro
No dia 22 de julho, a Embrapa Gado de Corte realiza como parte da programação do Circuito Intercorte o dia de campo Carne Carbono Neutro, na Fazenda Boa Aguada (Grupo Mutum), em Ribas do Rio Pardo (cerca de 150 km de Campo Grande), a partir das 8h. No evento será apresentada a marca-conceito Carne Carbono Neutro (CCN), desenvolvida pela Embrapa com a finalidade de atestar a carne bovina produzida com alto grau de bem-estar animal, na presença do componente arbóreo, em sistemas de integração do tipo silvipastoril (pecuária-floresta, IPF) ou agrossilvipastoril (lavoura-pecuária-floresta, ILPF). Nessas condições, as árvores neutralizam o metano entérico exalado pelos animais, um dos principais gases responsáveis pelo efeito estufa que provoca o aquecimento global.
Entre o público-alvo do dia de campo, com 300 vagas disponíveis, estão produtores rurais, técnicos e extensionistas, pesquisadores, empresários e microempresários da cadeia produtiva da carne e do setor florestal. A programação inclui palestra sobre conceitos gerais do CCN e estações técnicas com apresentações sobre componentes florestal, forrageiro, animal e financeiro dentro dos sistemas.
Fonte: G1
Celebrado em 2 de julho, o Dia do Cooperativismo busca conscientizar sobre a importância desse segmento para as comunidades, e apresenta o cooperativismo como um modelo econômico mais inclusivo e alinhado aos objetivos de desenvolvimento sustentável. Dentre os ramos do cooperativismo, o de crédito é um dos mais icônicos. Além da democratização do acesso ao crédito e a outros produtos financeiros a menores custos, inclusive para a parcela da população com pouco acesso aos serviços financeiros tradicionais, as cooperativas de crédito fomentam o desenvolvimento local sustentável, promovendo a redução das diferenças sociais.
De acordo com Romeu Eugenio de Lima, assessor no Deorf, o número de associados das cooperativas de crédito no Brasil tem crescido muito. “Nos últimos 5 anos, foram filiados em média 876 mil cooperados por ano. Nos primeiros 4 meses deste ano as cooperativas de crédito conseguiram 367.746 novos associados, alcançando 8,7 milhões de associados em abril”.
Ele explica que os dados apresentados em maio desse ano revelam uma redução do número de cooperativas de crédito – 1.095 instituições atualmente em funcionamento, contra 1.113 em dezembro de 2015 –, acompanhado de uma expansão da quantidade de pontos de atendimento, devido principalmente a um salutar processo de consolidação do segmento, via processos de incorporações, para obter ganhos de escala e maior racionalidade econômico-financeira.
A capilaridade das cooperativas de crédito é outra característica do segmento, permitindo que a oferta de produtos e serviços financeiros chegue aos estratos sociais mais carentes e a municípios de regiões mais distantes, com pouca presença do sistema bancário convencional, além de ser cada vez mais atuante em nichos como o crédito rural e o financiamento a pequenas empresas.
“O segmento conta com uma ampla rede de atendimento: 5.669 pontos (sedes e Postos de Atendimento Cooperativo - PAC), com presença mais relevante na região sul e em alguns estados como Mato Grosso do Sul, Rondônia e Espírito Santo. Mas ainda há o desafio de ampliar a presença das cooperativas de crédito nas regiões norte e nordeste, que ainda é muito pequena. Naquelas regiões existiam, em maio desse ano, 147 cooperativas de crédito (13,4% do total) e 386 postos de atendimento (8,4% do total)”, destacou João Luiz Faustino Marques, chefe adjunto do Deorf, lembrando que o segmento também está buscando expandir sua participação em outros estados brasileiros, como São Paulo.
SAIBA MAIS – O Banco Central aplica ao segmento cooperativista as mesmas normas operacionais e prudenciais aplicáveis às demais instituições do sistema financeiro nacional, mas com as devidas adaptações decorrentes da natureza, porte e especificidades dessas instituições. Como mecanismo de segurança e para a credibilidade de todo o sistema, os depósitos das cooperativas de crédito são garantidos pelo Fundo Garantidor do Cooperativismo de Crédito (FGCoop) até o limite de R$ 250 mil, o mesmo valor garantido pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC) em relação aos depósitos bancários.
As cooperativas de crédito contribuem, ainda, para elevar os níveis de concorrência no sistema financeiro, influenciando positivamente os agentes bancários, sobretudo como balizador de preço e atendimento. Depósitos à vista, aplicações em poupança e em fundos de investimento, consórcios e seguros são alguns dos produtos financeiros oferecidos pelo segmento.
Outra especificidade das cooperativas de crédito é a operação somente com associados e em uma área de ação específica. Isso garante a aplicação da poupança local na própria região, contribuindo para a geração de emprego e renda e para o desenvolvimento regional sustentável. (Fonte: Banco Central)