São Paulo - Com o começo da colheita da safra de soja no Brasil, movimento que deve se intensificar ainda mais nesses próximos meses, o setor graneleiro do País se vê às voltas com os velhos problemas de falta de capacidade de estocagem. Com isso, os conhecidos "armazéns sobre rodas" surgirem como alternativa de alto custo, gerando filas nos portos e atravancando o frágil setor logístico brasileiro.
Com a alta dos preços das commodities agrícolas no mundo e a forte demanda por grãos, os agricultores brasileiros correm contra o tempo para colher e comercializar as suas safras a fim de aproveitarem os valores oferecidos por seus produtos e também se livrar de uma carga que não conseguem guardar por falta de investimentos em estocagem. Com isso, diversas cooperativas de grãos estão recebendo volumes cada vez maiores em suas instalações.
Segundo Nilson Hanke Camargo, engenheiro agrônomo da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), é ai que começa o problema do setor agrícola, pois todos os anos se fala muito em ampliar as produções de grãos no País para atender as demandas externas e internas. Entretanto, a capacidade de armazenagem não cresce na mesma proporção por falta de investimento.
A saída encontrada pelo setor foi colocar os produtos em caminhões, que seguem ao porto sem qualquer autorização ou previsão de embarque, usando-os como armazéns ambulantes. "Somente o Paraná possui uma defasagem de armazéns superior a 30% da capacidade de produção, o que acaba gerando essas práticas e as filas nos portos. Não acredito que esse tipo de iniciativa parta exclusivamente do produtor, porque após a colheita ele entrega a carga na sua cooperativa, e autoriza a venda. Por sua vez a cooperativa é a encarregada de comercializar os grãos", afirmou ele.
A estimativa de que a produção de grãos na safra 2010/2011 seja 2,6% maior que a safra anterior, e feche em mais de 153 milhões de toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a preocupação a respeito do escoamento dessa safra já é pauta no setor. Para Camargo, a previsão é que entre este mês e até maio as filas de caminhões nos principais portos brasileiros sejam constantes.
"Tenho a impressão que este ano teremos filas de caminhões nos principais portos porque vamos ter uma safra cheia de soja e milho e os preços estão bons para a exportação. Nós teremos tudo, ou seja, uma boa safra, preços muitos melhores que o ano passado, tanto que nosso produtor já vendeu de 25% a 30% da safra antecipadamente".
No começo da semana passada, o Porto de Paranaguá e Antonina (Appa) no Estado do Paraná, presenciou as primeiras filas de caminhões na chegada ao porto. Segundo Lorenço Fregonese, diretor empresarial da Appa, o porto também está sofrendo com a falta de locais para estocar os grão, dado que os armazéns existentes ainda possuem grande quantidade de trigo e milho da safra passada.
"No ano passado, nós tivemos uma grande exportação de trigo, produto que o Brasil normalmente não exporta, mas como o produto não tinha uma qualidade boa foi exportado para Rússia e outros países para alimentação animal. Paranaguá ainda tem 140 mil toneladas desse trigo, em vários armazéns. E com essa carga no meio perdemos a capacidade de embarque. Hoje temos 1,5 milhão de toneladas em capacidade estática".
Para o engenheiro agrônomo da Faep, a previsão é que este ano as filas no porto ultrapassem os 84 quilômetros de extensão, com mais de 2.000 caminhões. "Acredito que nos meses de março, abril e maio teremos muitas filas nos portos, não todos os dias, e isso não será um privilégio de Paranaguá e sim de todos os portos importantes. Com o maior volume de grãos vindos ao porto, muitos aproveitam para enviar as suas cargas sem qualquer autorização, transformando o caminhão em um armazém ambulante, agravando a situação na chegada aos portos", disse Camargo.
No porto paranaense, mais de 20% dos caminhões que chegam ao pátio graneleiro de triagem todos os dias, não possuem um navio nomeado, ou autorização para o desembarque da carga. "Por dia, o porto tem a capacidade de receber 1.500 veículos de forma rotativa, e uma capacidade estática de 1.000 caminhões. Cerca de 20% dos caminhões que chegam ao porto não possuem qualquer autorização ou contato com o porto e não tem permissão para entrar no pátio de triagem, formando as imensas filas nas estradas", contou Fregonese.
Para evitar a chegada desses caminhões ao porto, a Appa, criou uma ferramenta para o registro on-line e obrigatório do caminhão que irá descer. Com isso, o transportador de grão deve entrar no site do "Carga On-line" e informar o tipo de carga, o nome do navio que aguarda o produto, a placa do veículo entre outros, e somente após esse registro o porto cede o a autorização para a chegada dos grãos no pátio de triagem. "A falta de armazenagem no Brasil é a grande culpada dos armazéns sobre rodas. Essa prática parte dos produtores, dos transportadores e de todo mundo envolvido. É preciso que todos se atentem a esse problema, pois eles pagarão mais diárias para os motoristas e quem acabará pagando tudo isso será o produtor rural", enfatizou o diretor empresarial do porto paranaense.
Para o gerente de logística da Cooperativa Transporte Serviços Rodoviários, Rodocoop, José Thomé Junior a prática do armazém sobre rodas é mais comum do que se imagina, partindo tanto do agricultor, quanto da cooperativa de transporte e das cooperativas de grãos. "Eles nem têm um navio nomeado e mandam o caminhão seguir para o porto pagando pelos dias que o motorista ficará na fila", disse Thomé Júnior. Em Paraguá, na semana passada, foram 33 quilômetros de fila.
Daniel Popov
Veículo: DCI
Publicado em: 09/03/2011 - 09:47
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) aprovou semana passada a ampliação do período de plantio do milho safrinha para 20 de março em 27 municípios sul-mato-grossenses. A medida atende pedido feito na quarta-feira, em Brasília, pelo presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Famasul) Eduardo Riedel, e pela secretaria de Produção e Turismo (Seprotur), Tereza Cristina, ao secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Edilson Guimarães.
Devido ao atraso na colheita da soja pelo excesso de chuva, a OCB/MS, juntamente com a Famasul e Aprosoja/MS, havia solicitado a prorrogação de 20 dias no prazo de plantio recomendado pelo Zoneamento de Risco Climático do MAPA, o qual se encerrou na última segunda-feira em alguns municípios do Estado. No entanto, o Mapa havia concedido anteriormente a extensão do período por 10 dias para o grupo de cultivares 1 (com ciclo de até 120 dias) e para os cultivos no solo tipo 2 (mistos) e tipo 3 (argilosos).
A nova determinação permite prazo de plantio até dia 20 para os municípios de Amambai, Antônio João, Aral Moreira, Caarapó, Coronel Sapucaia, Douradina, Dourados, Eldorado, Fátima do Sul, Iguatemi, Itaporã, Itaquiraí, Japorã, Jateí, Juti, Laguna Carapã, Maracaju, Mundo Novo, Naviraí, Nova Alvorada do Sul, Paranhos, Ponta Porã, Rio Brilhante, Sete Quedas, Sidrolândia, Tacuru e Vicentina.
Para os municípios de Eldorado, Iguatemi, Itaquiraí, Japorã, Jateí, Juti, Mundo Novo, Naviraí, Paranhos, Sete Quedas e Tacuru, também fica valendo a data de 10 de março como fim do período para plantio do milho, dependendo da variedade cultivada pelo produtor.
Com a alta incidência de chuvas, a colheita da soja e consequentemente o plantio do milho safrinha estão atrasados em cerca de 15%. A colheita da soja é estimada em 20% da área plantada, número que historicamente seria de 35%, o que levou a OCB/MS buscar a ampliação do prazo para que os produtores possam concluir o plantio da safrinha.
Com o convite "Se até hoje você só levantou a mão para dizer ‘presente’, está na hora de fazer uma revisão de solidariedade", o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Mato Grosso do Sul (Sescoop/MS) promoveu, pela primeira vez, a Campanha de Arrecadação de Material Escolar.
A campanha arrecadou cerca de mil itens. A primeira entrega ocorreu ontem pela manhã e foi no projeto Sociedade Educaional Contantino Lopes. Mais uma instituição de Campo Grande será contempladas, a Projeto + 1que hoje receberá a doação.
Foram parceiras da instituição a Unicred, o Sicredi, a Federação das Unimeds de Mato Grosso do Sul e a Unimed Campo Grande. Todos foram postos de arrecadação, além das demais cooperativas participantes.
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Setor fecha o ano com US$ 4.417 bilhões em vendas ao exterior
* Estudo elaborado pela Gerência de Mercados
da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB)
Em 2010, as cooperativas brasileiras registraram um crescimento recorde nas exportações, fechando o ano com US$ 4.417 bilhões. O resultado mostra um crescimento na ordem de 21,76% em relação ao ano anterior, quando foram contabilizados US$ 3.63 bilhões, total que refletiu as consequências da crise financeira internacional iniciada no final de 2008. A análise faz também parte de um estudo elaborado pela Gerência de Mercados da OCB, com base em dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
“O resultado decorre da profissionalização na gestão das cooperativas e ainda a recuperação do crescimento no período pós-crise. Em 2010, o setor superou historicamente em 10% o valor exportado em 2008, de US$ 4.011 bilhões. Mesmo com a paridade cambial desfavorável às exportações e favorável às importações, a balança comercial do setor alcançou um superávit de US$ 4.14 bilhões”, informou o presidente da OCB, Márcio Lopes de Freitas. No mesmo período, as importações do segmento registraram queda de 12,96% no comparativo a 2009, com um total de US$ 273 milhões.
As quantidades exportadas também apresentaram uma recuperação significativa de 11,08%, acompanhando o desempenho da economia brasileira. No total, foram comercializadas cerca de 7,9 milhões de toneladas. Já em 2009, foram 7 milhões. Nas vendas do cooperativismo ao exterior, 99% dos produtos são oriundos do agronegócio. “Esse crescimento pode ser justificado pelo aumento na venda de açúcares e a aquisição de novos produtos por países com os quais o setor já possuía relações comerciais, como os Emirados Árabes Unidos, Nigéria e Arábia Saudita”, comenta Freitas.
PRODUTOS
O setor sucroalcooleiro, que corresponde aos açúcares e ao álcool etílico, apresentou maior participação nas vendas diretas do setor cooperativista, representando 39,3% das exportações, US$ 1.7 bilhão e 3,9 milhões de toneladas. O álcool respondeu por US$ 285 milhões e os açúcares, US$ 1.45 bilhão. Destaca-se o aumento das exportações de açúcares de cana, beterraba e sacarose, que passaram de 47,7% em 2009 para 51,3%.
Na sequência, aparecem o complexo soja (grão, óleo e farelo), com 25,6%, US$ 1.12 bilhão e 2,8 milhões de toneladas; e as carnes, com 16,9%, US$ 747.2 milhões e 360 mil toneladas. Café, cereais, algodão, frutas, produtos hortículas e leite e laticínios participaram com 9,2%, 2,2%, 1,7%, 0,9%, 0,8% e 07%, respectivamente.
MERCADOS
Entre os principais mercados de destino dos produtos cooperativistas, se destacam a China e os Emirados Árabes, países que ampliaram as relações comerciais com as cooperativas brasileiras, aumentando substancialmente as importações dos itens comercializados. Em 2010, a China ocupou a primeira posição, passando a Alemanha, que em 2009 foi o principal parceiro comercial.
Os chineses compraram US$ 516.44 milhões, o correspondente a 11,69% do total exportado, com um crescimento de 46%. Já os Emirados Árabes alcançaram o valor de US$ 423.91 milhões, 9,6% das vendas, com aumento de 67%. Os alemães, por sua vez, aparecem em terceiro lugar, com US$ 394.84 milhões e 8,94% do total. Pode- se destacar também países como Canadá, com incremento de 79%, ocupando a 11ª colocação no ranking, a Nigéria, com 103%, respondendo pela 12ª posição, e a Bélgica, com 259%, no 6º lugar.
Para os Países Baixos, as exportações registraram retração de 39%. Este desempenho se deve principalmente a redução das vendas de dois complexos – o sucroalcooleiro, no qual o álcool etílico apresentou baixa de 63,79%, e o soja, com queda de 55,12%.
PRINCIPAIS ESTADOS
As cooperativas do Paraná figuraram em primeiro lugar nas exportações, com uma parcela de 37,11% do valor exportado, o correspondente a US$ 1.64 bilhão, com crescimento de 10,05%. Pelas quantidades exportadas, elas responderam por 3,2 milhões de toneladas e incremento de 8,55%.
Ao mesmo tempo, as organizações localizadas no Estado de São Paulo ampliaram sua participação em 57%, totalizando US$ 1.56 bilhão. Comparado ao ano anterior, as cooperativas paulistas elevaram suas vendas em US$ 568 milhões, exportando uma quantidade 28,5% superior a 2009. Os responsáveis por este aumento foram os açúcares em bruto (81,29%) e outros açúcares (58,50%).
Minas Gerais ocupou a terceira posição com US$ 453.27 milhões de vendas ao exterior em 2010, respondendo por 10% das exportações do setor. O estado mostrou uma queda de 2,75% no volume, mas uma elevação de 26,9% nos valores.
PERSPECTIVAS
As perspectivas para os próximos anos são de expansão de mercado, com exigência dos consumidores por mais qualidade e produtos idealizados a partir de uma ótica socioambiental. Nesse contexto, ao analisar a taxa média de crescimento anual das exportações das cooperativas brasileiras, visualiza-se aumentos projetados para 2014 em US$ 6,802 bilhões.
Conforme relatório OCDE-FAO Agricultural Outlook 2009-2018, até 2050 a população mundial deverá crescer dos atuais 7 bilhões para 9 bilhões e, para atender à demanda, serão necessários acréscimos na produção de grãos de aproximadamente 50% e a de carnes, de aproximadamente 100%. “Esse cenário traz para o Brasil, grande produtor de alimentos, e para as cooperativas, que têm participação expressiva nessa produção, a oportunidade de ocuparem um espaço ainda maior, tanto no mercado interno quanto no externo”, comenta o gerente de Mercados da OCB, Evandro Ninaut.
Cresce número de associados e empregados em cooperativas
Em 2010, indicadores tiveram alta de 9,3% e 8,8%, respectivamente
O Sistema Cooperativista Brasileiro fechou 2010 com aumento no total de associados e empregados, seguindo a tendência registrada em 2009 e 2008. No último ano, o setor reuniu cerca de 9,01 milhões de cooperados e 298 mil funcionários, com crescimento de 9,3% e 8,8%, respectivamente. Em 2009, o sistema contava com cerca de 8.3 milhões de associados e 274 mil empregados. Já o número de cooperativas contabilizou redução de 8,4%, saindo de 7.261 para 6.652. Os dados fazem parte de um estudo elaborado pela Gerência de Mercados da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), entidade representativa do movimento.
“Essa é realmente uma tendência natural de mercado e de amadurecimento no processo de gestão. Para aumentarem sua competitividade, com ganho de escala, as cooperativas optam por trabalhar em conjunto, se unindo e aumentando, assim, o número de associados”, comenta Márcio Lopes de Freitas, presidente da OCB. Os ramos de atividade que contabilizaram maior aumento de cooperados foram Transporte (200,05% - com cerca de 322 mil em 2010; e 107 mil em 2009) e Crédito (cerca de 14,9% - com cerca de 4,01 milhões em 2010; e 3,5 milhões em 2009). Em relação ao total de funcionários, podem ser destacados os ramos Crédito e Agropecuário, com incremento de praticamente 13,5 mil e 7 mil, respectivamente.
Já no quadro de diminuição do percentual de cooperativas, o Ramo Trabalho figura em primeiro, com 27,3%. “O resultado reflete a falta de uma legislação que regulamente o segmento e priorize o legítimo cooperativismo de trabalho, defendido e orientado pelo Sistema OCB. Para conquistarmos esse marco regulatório, atuamos intensivamente no Congresso Nacional junto com a Frente Parlamentar do Cooperativismo (Frencoop) pela aprovação do Projeto de Lei 4622/2004”, destaca Freitas.
Para auxiliar nesse sentido e ressaltar as boas práticas, a entidade promove, desde abril de 2010, o Programa Nacional de Conformidade das Cooperativas de Trabalho (PNC Trabalho), que já certificou 11 delas. “A iniciativa traz um marco de qualidade e transparência aos serviços oferecidos pelas cooperativas. A certificação se traduz em mais segurança e respaldo nas relações de prestação de serviço junto à sociedade”, explica o presidente da OCB.
NÚMEROS
6.652 COOPERATIVAS
9.016.527 ASSOCIADOS
298.182 EMPREGADOS
US$ 4,417 BILHÕES EM EXPORTAÇÕES
7,9 MILHÕES DE TONELADAS EXPORTADAS
A Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Famasul) realiza nesta terça-feira (15.03), às 13h30, uma reunião com entidades e representantes de produtores rurais para avaliar a quebra na safra com o excesso de chuvas e buscar alternativas para minimizar os prejuízos. Em encontro com o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, na última sexta-feira, em Campo Grande, ficou acordado que a federação elencaria as prioridades no socorro aos produtores rurais do Estado.
Estarão presentes na reunião presidentes dos sindicatos rurais dos municípios mais atingidos pelo excesso de chuva e representantes da OCB/MS, além da Secretaria de Produção e Turismo (Seprotur), Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Banco do Brasil (BB), Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer), entre outras.
A estimativa parcial de perdas aponta quebra de um milhão de toneladas na safra de soja de Mato Grosso do Sul, frustrando a expectativa de uma super safra de 5,4 milhões de toneladas estimada pela Conab. Há municípios, como São Gabriel do Oeste, onde há perdas confirmadas acima de 50% da área plantada. A recomendação da Famasul é para que os produtores façam laudos técnicos para mensurar a perdas, o que facilita o reconhecimento de situação de emergência, condição necessária para a renegociação de dívidas dos produtores.