Desde 1º de janeiro o cooperativismo brasileiro passou a contar com sete ramos. Até o fim do ano passado, eram 13 ramos. A reclassificação – que não afeta em nada a rotina das mais de 6,8 mil cooperativas do país, foi anunciada em abril do ano passado e visa ampliar o alcance das ações de representação das cooperativas, por parte da OCB, no âmbito dos Três Poderes. (Veja como ficou)
E, nesta sexta-feira (24/1), dando continuidade às ações de implementação dessa nova nomenclatura, a OCB realizou uma reunião com os coordenadores dos antigos ramos Trabalho, Educacional, Mineral e Turismo e Lazer, agora aglutinados como Ramo Trabalho, Produção de Bens e Serviços, para discutir uma proposta de governança.
O novo ramo concentra a maior alteração em sua composição e, nesse sentido, para garantir o atendimento e representatividade de todos os segmentos envolvidos, a equipe técnica e os coordenadores estão construindo o modelo de funcionamento que será apresentado, em fevereiro, à diretoria da OCB.
O Showtec 2020 terminou nesta sexta-feira (24), em Maracaju, totalizando um volume que ultrapassou R$ 150 milhões em negócios, impulsionado principalmente pela forte presença das concessionárias de maquinários agrícolas. Com 124 expositores e ampla programação técnica, a feira contou com a participação de 15 mil pessoas nos três dias de evento.
Durante a feira, os visitantes puderam encontrar modelos de maquinários que facilitam o dia a dia nas lavouras e diminuem custos com a produção. Empresas expuseram plantadeiras, colheitadeiras, pulverizadores, tratores e tecnologias para a agricultura de precisão, possibilitando expansão de vendas de produtos dos expositores para o público.
Para o próximo ano, o evento já tem data marcada: dias 20, 21 e 22 de janeiro de 2021. O presidente da Fundação MS, Luciano Mendes, avalia que o Showtec tem se firmado a cada entre os produtores como importante meio para difusão das últimas novidades para o segmento e uma ótima oportunidade para firmar realização de negócios e contatos para novas parcerias. "É uma excelente ocasião para que os produtores façam contato com grandes empresas, troquem informações e conhecimento de mercados potenciais.", pontua.
A programação técnica da feira foi um dos destaques desta edição. A Trincheira Show foi realizada pelo segundo ano consecutivo, com estrutura maior e espaço ampliado nas arquibancadas. Os aspectos físicos, químicos e biológicos do solo e os impactos do sistema radicular na melhoria da qualidade do sistema foram explicados por palestrantes de renome nacional.
O auditório de palestras permaneceu lotado na maior parte do tempo, com produtores rurais, técnicos e outros profissionais ligados ao agro ávidos por conhecimento. Os painéis abordaram temas diversos, com dicas de como o produtor pode atingir um alto desempenho no milho safrinha e a relevância da rotação de culturas para altas produtividades.
Já outro painel levou informação sobre sugadores de soja e milho e qual o manejo adequado para controlar as pragas e doenças nas lavouras, entre elas, o enfezamento do milho, doença tem ganhado cada vez mais importância no Estado. E buscando preparar o produtor rural para o mundo digital, o Showtec neste ano preparou um painel específico que mostrou tecnologias de mecanização, como aplicação, plantabilidade e controle do tráfego de máquinas.
Sobre o Showtec
O Showtec é uma feira anual onde são apresentados produtos e serviços ligados ao setor agropecuário, lançamentos, inovações tecnológicas, sistemas de produção, palestras técnicas e resultados de pesquisas que contribuem para a sustentabilidade do segmento. A feira é destinada aos produtores e empreendedores rurais, técnicos agrícolas, acadêmicos, entre outros, e leva informações de forma direta e aplicável.
O evento é realizado pela Fundação MS e promovido pelo Sistema Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de MS), Sistema OCB/MS (Organização das Cooperativas Brasileiras) e Aprosoja/MS (Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul), contando com patrocínio do Senar/MS, Sistema Fiems/Senai e Sicredi. O Showtec conta, ainda, com o apoio da Federação Brasileira de Plantio Direto e Irrigação (Febrapdp), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Embrapa, Fundems, Prefeitura Municipal de Maracaju, Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, Semagro, Fundação Agrisus e Sanesul.
“O modelo de cooperativismo do Centro-Oeste deve ser admirado e observado”, afirma Márcio Freitas
Por passagem pelo Mato Grosso do Sul, Márcio Freitas, presidente do Sistema OCB visitou a Casa do Cooperativismo e concedeu uma entrevista. Confira!
Quais são as prioridades de trabalho do Sistema OCB para 2020?
O nosso Planejamento Estratégico que vai até este ano, foi atualizado de acordo com a diretrizes do Congresso Brasileiro do Cooperativismo ocorrido em 2019. A sua reformulação completa que funcionará até 2025 com a missão de 2035 será feita com a nova diretoria.
2020 será um ano de mudanças, como foi o ano anterior, pautado por diversas reformas, como da previdência, mas em breve teremos outras como a tributária, sindical e administrativa. Muito político, o trabalho da OCB será intenso esse ano, na hora que começar as discussões, a intensidade das matérias. Será um mais focado na defesa do que no ataque, para preservar os direitos cooperativos e as conquistas já adquiridas. Estamos preparados para isso e para as oportunidades de mercado para as cooperativas. Principalmente em dar apoio às mudanças e oportunidades de negócios para as cooperativas.
Quais as expectativas com a retomada da economia?
As expectativas são animadoras, o atual governo está trazendo seriedade e com isso traz consistencia à economia que volta a crescer. Traz crebilidade para investimentos, principalmente do mercado externo, incrementando a renda do brasileiro que é o nosso maior consumidor. Um exemplo disso é o leite, que pela primeira vez em 15 anos saiu da crise e cresceu o consumo graças ao mercado interno.
Quais são os desafios do cooperativismo?
O Congresso Brasileiro do Cooperaivismo trouxe grandes disrupturas e vimos a necessidade de inovar cada vez mais. As cooperativas estão muito mais atentas ao mercado, mas devido ao seu modelo negócio, as vezes a mudança e a inovação ocorrem num ritmo mais lento que o mercado. Por isso, nosso empenho é fomentar e acelerar esse processo.
Esse será o nosso grande desafio, nos adequar às mudanças tecnológicas, mas sem deixar a nossa essência. A sociedade quer confiança, quer valores, quer princípios, uma face humana e não apenas negócio. Esse lado da tecnologia traz um distanciamento, um isolamente e as pessoas têm necessidade de participar, de fazer parte, essa é a diferença do modelo cooperativo. Ajustar a velocidade das mudanças, mas fortalecer a nossa essência cooperativa.
Para isso, acredito que precisamos aprimorar nossa comunicação, vender mais o cooperativismo para o público externo. Sabemos falar muito bem para nós mesmos, mas precisamos mostrar nossa crebilidade para a sociedade.
O Somoscoop foi uma inovação e está em andamento, mas precisa evoluir e ter mais adesão. Foi um grande passo que já estamos colhendo frutos, mas a colaboração de todos é fundamental para atingirmos patamares maiores.
Como vê o cooperativismo no Mato Grosso do Sul?
O cooperativismo do Centro-Oeste vai muito bem e no MS é igual. É um modelo difenrente, não é o tradicional como do sul e do sudeste, pega coisas positivas dessas regiões, mas tem um viés pioneiro de quem vem desbravar novas terras. Ele melhora o modelo, as cooperativas do sul que veem pra cá, elas conseguem desenvolver o modelo cooperativista, mas com escala difere e atende um novo associado mais independente e autônomo. Esse modelo de trabalho aparece muito no ramo agro e do crédito.
Um modelo a ser admirado e observado, não tem o associado pela necessidade e sim pela competência. Se a pessoa no sul não é da cooperativa, está fora do mercado, aqui a pessoa é associada porque o negócio é bom.
O modelo é diferente, e é o modelo do Brasil moderno. Que vai crescer muito mais em robustez das cooperativas do que do número de novas cooperativas.
Pesquisadores estão estudando a utilização de um parasitoide para o combate do percevejo marrom nas lavouras de soja. O estudo já tem vários testes realizados, em que os resultados iniciais são a redução da aplicação de defensivos químicos nas lavouras e também do custo de produção dos grãos pelos produtores. O Projeto de Controle Biológico é desenvolvido pela Fundação MS, em parceria com o Sicredi.
Com a conclusão da semeadura da soja, finalizada em dezembro do ano passado, e com a soja entrando no processo de formação de vagem e iniciando floração, os cuidados em relação à presença de pragas nas lavouras devem ser redobrados. Uma das principais preocupações dos produtores de Mato Grosso do Sul é com o percevejo marrom.
De acordo com o presidente da Central Sicredi Brasil Central, Celso Figueira, é necessário investir no agronegócio, na difusão de tecnologias. "Quando conhecemos o projeto, vimos que poderia aumentar a produtividade e diminuir custos da produção, sem contar a seriedade em que é realizada a pesquisa. Atendendo ao sétimo princípio do cooperativismo, que é o interesse pela comunidade, o Sicredi apoia iniciativas de pesquisa, desenvolvimento e tecnologia que refletem em desenvolvimento econômico e social para toda a população e agrega renda ao nosso associado", afirmou.
Após a abertura da feira de tecnologias voltada para os agronegócios, a Showtec, no dia 22 de janeiro, em Maracaju, a Sicredi Central renovou parceria com a Fundação MS para início da terceira fase das pesquisas voltadas ao controle do percevejo marrom, uma das pragas mais agressivas das lavouras de soja. Por meio da parceria, são desenvolvidas pesquisas para o combate biológico do inseto, colaborando para o controle natural, com redução do uso de inseticidas, o que, além de beneficiar o produtor, assegura maior proteção ao meio ambiente.
"Desde que tomamos conhecimento deste projeto, vimos a oportunidade de fortalecer o princípio cooperativista, com atenção à comunidade, gerando ganhos não só ao produtor, mas a toda população, por meio de um projeto que estimula benefício econômico e melhoria ao meio ambiente. Trata-se de uma ação que pode ser disseminada futuramente a outras regiões", analisou Figueira.
COMBATE
A técnica de combate é o desenvolvimento de larvas da vespa, com poder de combater o desenvolvimento da praga. A parceria das duas instituições proporcionará resultados muito maiores no desenvolvimento deste estudo que os positivos que já vem apresentando em seus primeiros experimentos, feitos inicialmente em pequenas áreas isoladas de Mato Grosso do Sul.
O estudo realizado verificou que esta técnica de combate ao percevejo com o uso das larvas reduziu 66% das aplicações de inseticidas para controle de lagartas e 50% para o controle de percevejos no primeiro ano de estudos, enquanto que no segundo ano de estudos a redução da utilização de inseticidas foi da ordem de 80% para o controle de lagartas e de 33% para o controle de percevejos, sem comprometer o rendimento de grãos.
"No ano passado, já tivemos os primeiros resultados: as vespas foram soltas nas lavouras de soja e combateram a praga. Isso dá economia ao produtor e reduz a poluição com menos inseticidas, porque é um combate orgânico. Nós estamos falando nos testes que fizemos com a Fundação; se você faz um ciclo de safra de soja com seis aplicações de defensivos agrícolas, talvez você resolva em duas aplicações", concluiu Celso Figueira.
Informações Disponibilizadas
As informações geradas na pesquisa serão disponibilizadas de maneira gratuita aos produtores rurais de todo o Estado, por meio dos seminários de apresentação de resultados de safra e safrinha, dias de campo de safra e safrinha em Maracaju e, posteriormente, no Portal do Associado da fundação Ms.
Elas ainda são minoria, mas a mudança tem sido visível e as mulheres ocupam cada vez mais espaço no agronegócio em Mato Grosso do Sul. Elas deixam o papel de coadjuvante de lado, buscam qualificação profissional e passam a assumir o protagonismo nas propriedades rurais do estado. Dados do último Censo Agropecuário do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que as mulheres já estão no comando de 13,6 mil propriedades, o que representa 19% das fazendas em MS.
Quem antes servia para auxiliar o pai, irmão ou marido na propriedade, agora também passa a liderar e a qualificação profissional tem um grande papel nisso. Segundo a palestrante e escritora Helda Elaine, para ter papeis de destaque no agronegócio, as mulheres, cada vez mais, buscam conhecimento em faculdades de veterinária, zootecnia, administração ou agronomia, por exemplo.
“A mulher tinha uma participação no agronegócio que ficava escondida, ela ajudava e tinha algumas funções como tirar o leite, por exemplo, mas agora [a atuação da mulher] tem sido percebida. Ela desempenha papeis de liderança, de destaque, ela não fica mais no segundo plano”, explica.
Dados do IBGE apontam que entre 2006 e 2017, o total de estabelecimentos nos quais o produtor é uma mulher elevou-se de 10,5% para 19,1%. Segundo a Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), a sucessão familiar tem um papel importante na atuação feminina no campo. Com o exemplo dos pais, filhas veem potencial no setor e as possibilidades de ampliar a produtividade.
A diretora técnica do Sistema Famasul, Mariana Urt pontua que a presença de mulheres está em todos os elos das cadeiras de Mato Grosso do Sul. Elas desempenham atividades que contribuem com o desenvolvimento e a inovação do setor, onde aplicam técnicas sustentáveis e empreendem, movimentando a economia.
“Podemos destacar a crescente participação feminina que passou de 24%, em 2004, para 27%, em 2015. Elas são pecuaristas, pesquisadoras, administradoras, agricultoras, executivas de empresas do setor e empreendedoras, possuem habilidades e estão apoiando ou liderando negócios rurais, características necessárias para o desenvolvimento da empresa”, ressalta Mariana.
Para colaborar e desenvolver competências de empreendedorismo e gestão com o público feminino, o Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) desenvolve o programa Mulheres em Campo em Mato Grosso do Sul. O programa trabalha com os seguintes temas: diagnóstico e empreendedorismo, planejamento, custos de produção, indicadores de viabilidade e comercialização, desenvolvimento pessoal e tópico especial.
Entre os diferenciais das mulheres no campo, estão a capacidade de cooperar. Segundo a palestrante Helda Elaine, elas têm mais facilidade para se relacionar com as outras pessoas envolvidas no negócio e ainda têm disposição para resolução de problemas. “Elas não deixam nada quieto, querem resolver logo, não empurram com a barriga. Elas têm um perfil interessante para a gestão, traz mais humanização”, afirma.
Para Helda, é importante que a mulher perceba seu potencial no agronegócio para se desenvolver cada vez mais. Assim, elas podem deixar de ser a esposa, irmã ou filha do produtor para se tornarem verdadeiras mulheres de negócios.
“Ela tem que perceber sua potencialidade, seu poder, sua força, sua habilidade e valorizar esse diferencial. Descobrir como utilizar isso e ocupar este espaço de liderança e somar, para que todos trabalhem em união, de forma cooperativa”, conclui.