A Federação das Unimeds de Mato Grosso do Sul realizou nos dias 24 e 25 de janeiro, o planejamento estratégico para os anos de 2020 à 2022. O evento, que ocorreu no auditório do Sindicato e Organização das Cooperativas Brasileiras no Mato Grosso do Sul (OCB/MS), reuniu colaboradores e dirigentes das singulares de Campo Grande, Dourados, Três Lagoas, Corumbá e Aquidauana.
A criação do planejamento estratégico é o primeiro passo dado para atender à demanda das singulares e cumprir o papel institucional da Federação.
No primeiro dia, os participantes tiveram a oportunidade de assistir a uma palestra do Secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricutura Familiar, Jaime Verruck, que apresentou o panorama do estado em nível nacional quanto ao crescimento em seus diversos setores. Para ele, o investimento e uso da tecnologia é indispensável no avanço das cooperativas no estado, principalmente no setor da saúde, que necessita de grandes investimentos.
No segundo dia de planejamento, os colaboradores e dirigentes definiram pontos de forças e fraquezas do sistema Unimed MS e criaram visão, missão e valores para a Federação, que guiarão a entidade nos próximos dois anos, além de estabelecerem estratégias a serem desenvolvidas e executadas com o tempo.
Presidente da Federação MS, Dra. Sarita Garcia Rocha, destacou a importância do planejamento com o apoio dos colaboradores das singulares para que a Federação possa entender os pontos de melhoria e ações a serem desenvolvidas em parceria de todos.
O presidente da Unimed Dourados, Dr. Jamal Nasser Haddad, destacou a importância dos próximos passos após a criação do planejamento . “O grande desafio não é só a criação de um planejamento, mas sim a execução correta dos projetos e das boas ideias que o sistema traz”, afirmou.
Luciana Marques, gerente administrativa da Unimed Três Lagoas, disse que um dos grandes pontos desse encontro, é o networking criado com outros colaboradores do sistema Unimed. “Conhecer novos colegas e reencontrar amigos feitos ao longo dos anos é muito importante para fortalecer laços e parceria entre as singulares”.
Para o presidente da Unimed Campo Grande, Dr. Maurício Simões, o planejamento é o inicio de um grande trabalho que precisará ser pensado, cuidado e executado de maneira correta para que no futuro os resultados apareçam da melhor forma.
“O planejamento estratégico é importante na colheita das informações e características particulares de cada singular, para que no futuro isso se reverta em ações para melhorar o posicionamento da marca frente às mudanças do mercado que são constantes”, disse o presidente da Unimed Três Lagoas, Dr. Ronaldo Nunes.
Dr. José Marcio Faria, presidente da Unimed Corumbá, afirmou que o encontro foi importante para nortear tudo aquilo que deve ser feito com as possibilidades que a Federação possui, para que as singulares possam ter um ganho em relação ao planejamento. Já o gerente administrativo da Unimed Corumbá, Roberto Braga, disse voltar para sua cidade bastante entusiasmado com a possibilidade de novas alternativas, contando sempre com o apoio da Federação MS.
Para a coordenadora do Núcleo de Comunicação e Marketing da Unimed Campo Grande, Fabiana Perin, o planejamento da Federação construído com o apoio das singulares é extremante importante. “Nós percebemos que o todo quando se juntam, estão buscando as mesmas coisas, trazendo forças para isso”.
Integração, direcionamento, motivação e compromisso foram as palavras-chave do Movimento Sicoob União deste sábado (1º). A cooperativa reuniu em Cuiabá gerentes e colaboradores das agências de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul no evento que marca o início do ano de trabalho e a corrida pelas metas de 2020. A ação também contou com palestras sobre capitalismo consciente, cooperativismo, valores e a apresentação dos compromissos firmados por cada uma das agências.
Presidente do Sicoob União, Aifa Naomi, conduziu a abertura do evento agradecendo pela presença das equipes de Cuiabá, interior do estado e Mato Grosso do Sul. Segundo ela, o objetivo do Movimento é reunir o maior número possível de colaboradores para alinhamento, integração e comprometimento. Ela aproveitou para reforçar a importância da união das equipes para o alcance das metas estabelecidas para 2020, incluindo o crescimento de associados, resultados, produção de cartões, venda de consórcios, entre outras.
“Cada agência já sabe quais são as suas metas e de que maneira as equipes devem trabalhar por elas. Não estamos aqui para falar de uma por uma, mas para que todos tenham conhecimento dos objetivos do Sicoob União e se comprometam com eles. Se nós pudermos contar com este comprometimento de vocês, tenho certeza de que tudo fluirá em 2020 e chegaremos lá!”, disse Aifa.
Entre os representantes no evento estava a gerente da agência Campo Grande (MS), Andreza Dutra, que indicou a aproximação e integração das equipes dos dois estados como alguns dos pontos altos do Movimento. Ela conta que em sua região, o Sicoob vem crescendo gradativamente e que uma das metas é acelerar este avanço.
“Assumi a agência em janeiro com a meta principal de expansão em 2020, mas o nosso maior compromisso é crescer junto com o Sicoob União e apresentar os melhores resultados aos nossos associados. O objetivo é um só: bater todas as metas e crescer junto com as demais cooperativas”, ressalta Andreza.
Crescimento também é a meta da agência Federal, de Cuiabá (MT), que contabiliza quase 2,1 mil associados. O gerente Wesley Bezerra adianta que o compromisso da unidade é chegar aos 2,5 mil até o final do ano e que para isso as equipes já trabalham na apresentação do cooperativismo como alternativa sustentável de negócio.
“Mais do que oferecer os benefícios e produtos do Sicoob, nosso objetivo é mostrar o que significa ser um associado. Não é só abrir uma conta, é fazer parte deste movimento do capitalismo consciente, cooperativista e com valores. É com este direcionamento que atingiremos nossas metas”, pontua.
Movimento – A programação do evento contou com a palestra “Capitalismo Consciente e Cooperativismo”, ministrada por Maria Brasil, especialista em Comunicação Estratégica e Gestão de Marcas; “Somos feitos de valores” por Marcelo Vieira, executivo nacional de Comunicação e Marketing do Sicoob; e uma apresentação geral dos resultados do Sicoob União, pelo vice-presidente da cooperativa, José Augusto Indalécio.
Destacando a integração e parceria entre o Conselho de Administração e Fiscal e as equipes das agências nos dois estados, a coordenadora do Conselho Fiscal, Claudenice Deijany de Costa, ressaltou a introdução da governança nas unidades como um dos fatores que têm contribuído para o bom desempenho da cooperativa.
“Na fase de crescimento em que o Sicoob se encontra reunir as equipes é de extrema importância para o engajamento dos colaboradores. Começamos também o trabalho de governança nas agências, no Conselho de Administração e Fiscal e a parceria segue cada vez mais forte. Se continuar assim, os resultados em 2020 serão ótimos”, finaliza.
O Sicredi, em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), anuncia uma pesquisa inédita sobre os “Benefícios Econômicos do Cooperativismo de Crédito na Economia Brasileira”. O estudo, que avaliou dados econômicos de todas as cidades brasileiras com e sem cooperativas de crédito entre 1994 e 2017 e cruzou informações do Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE), chegou à conclusão que o cooperativismo incrementa o Produto Interno Bruto (PIB) per capita dos municípios em 5,6%, cria 6,2% mais vagas de trabalho formal e aumenta o número de estabelecimentos comerciais em 15,7%, estimulando, portanto, o empreendedorismo local.
A pesquisa encomendada à Fipe pelo Sicredi, instituição pioneira do cooperativismo de crédito no Brasil, utilizou a metodologia de Diferenças-em-Diferenças, principal método científico para avaliações de impacto de políticas públicas no mundo. Os resultados estimados pelo Sicredi a partir do estudo, consideraram o bom desempenho econômico de 1,4 mil municípios que passaram a contar com uma ou mais cooperativas durante o período de pesquisa. Os cálculos do Sicredi, com base no estudo da Fipe, mostram um impacto agregado nestas cidades de mais de R$ 48 bilhões em um ano. Ainda, as cooperativas de crédito foram responsáveis pela criação de 79 mil novas empresas e pela geração de 278 mil empregos.
Manfred Alfonso Dasenbrock, presidente da SicrediPar e coordenador do Conselho Especializado de Crédito (CECO) da OCB afirma que com base na pesquisa da Fipe, um dos principais fatores que permitem que a cooperativa de crédito alavanque o desenvolvimento econômico local é a possibilidade de oferecer crédito com taxas de juros mais baixas, adequadas à realidade dos seus associados. Conforme dados do Banco Central do Brasil, a taxa de juros cobradas pelas cooperativas de crédito são sensivelmente menores. Por exemplo, em 2019 a diferença de taxa de juros para microempresas foi de 20 pontos percentuais se comparada aos bancos tradicionais.
Mesmo oferecendo crédito a públicos menos assistidos pelo sistema financeiro tradicional, como micro e pequenas empresas, segundo o Banco Central, o índice de ativos problemáticos de uma cooperativa de crédito, que considera, por exemplo, a inadimplência, ainda é menor que o índice dos bancos tradicionais. No Relatório de Estabilidade Financeira de 2019, o Banco Central apontou uma diferença expressiva nos ativos problemáticos, que chegaram a 5,9% nas cooperativas de crédito do Brasil, enquanto as instituições financeiras tradicionais tiveram 7,4%.
Para Dasenbrock, a participação dos associados nas decisões de uma cooperativa de crédito é o grande diferencial do modelo de negócio. “O associado é, de fato, o dono do negócio e, por isso, precisa estar presente nas discussões a respeito dos rumos da sua cooperativa. No Sicredi, o relacionamento mais próximo com os associados contribui para sermos muito mais eficientes em reconhecer a capacidade de pagamento no uso do crédito, por exemplo, e com isso consigamos apoiar o desenvolvimento das pessoas e comunidades”, explica.
Multiplicador do Crédito Cooperativo
A pesquisa da Fipe também calculou o Multiplicador do Crédito Cooperativo, um coeficiente que indica o impacto do crédito concedido pelas cooperativas no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro – cada R$ 1,00 concedido em crédito gera R$ 2,45 no PIB da economia e a cada R$ 35,8 mil concedidos pelas cooperativas, uma nova vaga de emprego é criada no país.
De acordo com a Fipe, a inclusão financeira de famílias, pequenos produtores e empresas forma um ciclo virtuoso que fomenta o empreendedorismo local, reduz desigualdades econômicas e aumenta a competitividade e a eficiência no sistema financeiro nacional. A Fipe concluiu ainda que os princípios e a disseminação das cooperativas de crédito se mostram convergentes com objetivos maiores no campo das políticas públicas, tendo em vista o seu potencial impacto na redução das desigualdades econômicas e inter-regionais, bem como no aumento da concorrência e da eficiência no âmbito do Sistema Financeiro Nacional.
O cooperativismo de crédito é um modelo de negócio presente em 118 países, segundo relatório do Conselho Mundial de Cooperativas de Crédito (Woccu 2018), reunindo mais de 274 milhões de associados e ultrapassando a marca dos US$ 2,19 trilhões em ativos. No Brasil, de acordo com o Banco Central, o cooperativismo de crédito está presente em quase metade (47%) das cidades e representa 2,7% dos ativos totais do Sistema Financeiro Nacional (SFN). Já são mais de 9,9 milhões de associados a 925 cooperativas de crédito com uma carteira de R$ 123 bilhões em depósitos e R$ 137 bilhões em crédito – aproximadamente R$ 250 bilhões em ativos totais.
Sobre o Sicredi
O Sicredi é uma instituição financeira cooperativa comprometida com o crescimento dos seus associados e com o desenvolvimento das regiões onde atua. O modelo de gestão do Sicredi valoriza a participação dos mais de 4 milhões de associados, os quais exercem papel de donos do negócio. Com presença nacional, o Sicredi está em 22 estados* e no Distrito Federal, com mais de 1.800 agências, e oferece mais de 300 produtos e serviços financeiros (www.sicredi.com.br).
*Acre, Alagoas, Bahia, Ceará, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins.
Ficar na zona de conforto pode até ser tentador, mas não é a melhor saída para quem quer sobreviver a um futuro incerto e desafiador. Em um mundo acelerado e repleto de mudanças, estudar tendências e ter pensamento crítico, inteligência emocional e flexibilidade cognitiva são as exigências do profissional que quer estar à frente do seu tempo. Esse caminho também deve estar no radar das empresas e, especialmente, das nossas cooperativas.
“Não dá para pensar em inovação sozinho”, afirma Ricardo Yogui, especialista em inovação e professor da PUC-Rio. Segundo ele, a troca de experiências em comunidades de inovação é o que garante a contínua evolução de profissionais e de empresas.
“O caminho é trocar a competição pela colaboração e experimentar. A ideia deu errado? Não tem problema! Vira uma lição aprendida. O importante é não parar de experimentar”, defende.
Para Yogui, o mercado de trabalho precisará de gente apaixonada por pessoas, assim como acontece no cooperativismo. Ele aposta que o ecossistema de inovação nacional tem tudo para crescer nos próximos anos, especialmente porque ainda há muito a ser feito no país. “O Brasil é um parque de diversões para quem deseja inovar”, garante.
Cofundadora da Conferência Rethink Business, a futurista Marina Miranda acredita que as cooperativas saem na frente de muitas empresas e antecipam tendências no mundo corporativo. “O importante é participar de ecossistemas de inovação, onde aprendemos a colaborar. E as cooperativas já são colaborativas”, avalia. Ela defende que colaboradores e funcionários se apropriem do propósito das empresas em que trabalham e sejam incentivados a participar de diferentes níveis de decisão. “Funcionários precisam de um canal para extravasar suas ideias”, diz a especialista, destacando que esses fóruns podem levar a soluções inovadoras e disruptivas.
Os dois especialistas fizeram palestras no auditório do cooperativismo durante o HSM 2019, o maior evento de gestão empresarial da América Latina, realizado em São Paulo entre os dias 4 e 6 de novembro. Eles também conversaram com a reportagem da Saber Cooperar sobre suas visões de futuro, a importância da inovação dentro das corporações e o potencial disruptivo das cooperativas brasileiras. Confira:
Existem visões otimistas e pessimistas do futuro. Por um lado, as novas tecnologias facilitam muito as nossas vidas; por outro, teme-se que elas possam acabar substituindo o homem em algumas tarefas. Qual é a sua visão de futuro?
Ricardo Yogui: A automação vai chegar nos escritórios e gerar um impacto de 75 milhões de desempregados, mas o mundo está preocupado com isso. A indústria 4.0 é o que está provocando toda essa revolução nas empresas; no entanto, existe um movimento chamado sociedade 5.0, para minimizar os possíveis impactos negativos dessas tecnologias. A sociedade 5.0 é um movimento que começou no Japão, pensando nos efeitos colaterais da indústria 4.0 dentro da sociedade. A sociedade 5.0 visa sensibilizar a indústria, levando-a a refletir: como eu posso aproveitar essas pessoas que serão excluídas do mercado de trabalho após a automatização de processos? Essas pessoas podem se recapacitar, se reciclar e ser reinseridas dentro do contexto da sociedade. É um tema sobre o qual eu falo muito: como que a gente pode — sociedade, indústria, governo, academia — trabalhar para que isso não fique só focado no propósito de aumentar lucros e diminuir custos dentro das organizações, mas em contextualizar, para a gente ter uma sociedade melhor.
Marina Miranda: Minha visão não é nem pessimista nem otimista. Os desafios da humanidade vão mudando. Mas parece sempre que aquele desafio é o maior já enfrentado. E não é verdade. Houve desafios maiores. Nós tivemos guerras muito destruidoras. O que eu vejo é que a tecnologia pode tirar muitos empregos, mas existem caminhos para ajudar as pessoas a entenderem como podem manter-se relevantes para o mercado. A internet disponibiliza, por exemplo, cursos gratuitos do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e de Harvard, onde você pode se especializar.
Antes não tinha isso; ou a pessoa tinha 10 mil dólares para fazer um curso do MIT, ou não tinha. Agora, não. Você tem cursos gratuitos. Então, você tem problemas? Tem. Mas as soluções também estão aqui. As pessoas estão apenas olhando para o problema e não estão atentas às coisas boas. Está mudando de emprego? Eu sento na cadeira e vou lá estudar mais, aprender mais, participar de ecossistemas de inovação. Não é só a empresa que precisa se conectar com ecossistemas de inovação; as pessoas também precisam. O mundo tem problemas sérios; contudo, também tem soluções incríveis.
Como o cooperativismo pode contribuir com a construção de um futuro melhor para todos?
Ricardo Yogui: É muita mudança ao mesmo tempo. É impossível fazer as coisas sozinho. Eu preciso começar a pensar como posso atuar de forma mais colaborativa. Como posso trocar experiências, conhecer pessoas novas que tenham visões complementares. Se todo mundo pensar diferente, eu consigo ter uma visão bem ampla do problema. Esse é o grande desafio: a gente trabalhar e colaborar não só com quem pensa igual, mas com quem pensa diferente. É essa diferença que trará uma visão de um lugar que eu não estou enxergando e me dará uma observação mais ampla da situação.
Marina Miranda: O cooperativismo faz parte dessa nova economia colaborativa, do compartilhamento de informações, da hierarquia mais fluida. As cooperativas anteciparam, em séculos, todas as megatendências do futuro.
Por que inovar é tão importante no mundo dos negócios?
Ricardo Yogui: As empresas e cooperativas que não estão inovando fatalmente serão os “dinossauros corporativos”. As empresas que estão fazendo mais do mesmo fatalmente irão acabar.
Marina Miranda: Hoje você tem uma mudança muito mais radical e muito mais intensa de tecnologias. Você pode ser o pipoqueiro, mas, se não tiver uma tecnologia — que seja usar o WhatsApp para avisar à turminha que a pipoca está pronta —, você some. Parece que só quem vai usar a inovação é quem está na Nasa, mas não; inovação tem diversas formas e está muito atrelada com algo que não é feito na sua área ou na sua região. Então, quando eu vou para o Acre, tem um monte de inovações que podem ser feitas lá. Não tem como, hoje, em um mundo tão disruptivo e de mudanças tão rápidas, não pensar em inovação.
Como despertar o potencial disruptivo das cooperativas?
Ricardo Yogui: Vou usar o exemplo da Netflix, que foi experimentando coisas novas. Ela não era uma startup, era uma pequena videolocadora que começou a experimentar novos formatos. O processo é: como eu posso explorar as tecnologias? Como eu posso ser o “Uber” do cooperativismo? Como eu posso ser o “Airbnb”? Como trazer esses modelos para dentro do meu segmento de mercado e começar a experimentar coisas novas? O caminho é não ter medo da experimentação. Vai errar? O erro é uma fonte rica de aprendizado. Aprendi, vou para o próximo passo e continuo o processo.
Marina Miranda: A disrupção é um processo, não é uma coisa pontual. “Ah, eu contratei uma consultoria e vou ser disruptivo agora, e não temos mais problemas”. Não é isso. A mudança é dia a dia, rapidamente. O que antes era um concorrente vira um parceiro. O que era um parceiro vira um concorrente. Os mercados se constroem, se destroem. E tem de estar acordado para tudo isso. Como fazer? Conectando-se, ficando atento, lendo relatórios. É preciso refinar o olhar.
O futuro realmente se constrói com colaboração?
Ricardo Yogui: Essencialmente. Não existe como pensar “eu faço tudo sozinho, eu consigo desenvolver de forma hermética, dentro da minha instituição”. Hoje eu preciso abrir as janelas da organização, respirar ares novos, com novos pensamentos, novas tecnologias e criar essa interface de troca, de compartilhamento com o ecossistema. E aí são indústria, governo, academia atuando de forma conjunta, colaborativa.
Marina Miranda: 100%. Porque hoje é muito complexo. Para estar vivo aqui, hoje, do que você precisou? Você tem comida, seu computador, celular, você tem o seu emprego. Cada vez mais, há maior complexidade para você estar viva e estar aqui, presente.
Quando você tem um problema, o que precisa fazer? A complexidade é gigante. Se você não consegue se conectar com quem sabe, como vai ser a sua vida? E é isso que a gente vem fazendo nesses anos todos. É um processo disruptivo. Para o homem chegar na Lua, alguém teve de dar o primeiro passo. É isso que a gente vem falando: “dê o primeiro passo”.
Como você enxerga o futuro das cooperativas brasileiras?
Ricardo Yogui: Daqui para a frente, é explorar mais as tecnologias, explorar ambientes focados em comunidade. A essência do DNA das cooperativas, de colaboração, é o que o mundo está esperando. Outro ponto importante é o “figital” — união entre o melhor do mundo digital e o melhor do mundo analógico. O segredo das empresas é enxergar que o mundo não é puramente analógico ou puramente digital. E, sim, o melhor dos dois mundos.
Marina Miranda: Cooperativa e economia colaborativa têm diversas questões em comum. Eu acredito que o futuro das cooperativas é cada vez mais caminhar por esses modelos da economia colaborativa. O design thinking é uma metodologia, e tem outras. Mas o que elas têm em comum? Colaboração. É um método de estar trabalhando e escutar o outro, é uma escuta ativa. Escuta ativa não é tecnologia. É como eu olho para o outro. As cooperativas têm todo esse poder de escutar o seu cliente – o que, às vezes, uma grande empresa não consegue.
O que precisamos fazer, hoje, para chegar nesse futuro?
Ricardo Yogui: De forma estruturante: 1. Pensar um planejamento estratégico de inovação; 2. Pensar na governança da inovação, porque é preciso blindar a inovação dentro da organização, pensar no desenvolvimento de um board (quadro) de inovação, criar comitês de inovação; e 3. Experimentar coisas novas. Com isso, eu vou aprendendo e vou crescendo. Esse é o caminho.
Marina Miranda: Precisamos entender que é um processo. Não adianta querer fazer nada pontual. Eu contrato uma empresa que vai dar um treinamento para a minha equipe. Acabou esse treinamento, eu tenho de cobrar que esse conhecimento seja replicado. É preciso investir em um mindset colaborativo, para que as pessoas queiram compartilhar conhecimentos e trabalhar juntas. Tenho que estabelecer um ambiente de confiança, ter metas colaborativas dentro da minha empresa, metas de inovação. Mas precisam ser metas reais, com prazo definido e um propósito bem claro.
(Fonte: Revista Saber Cooperar)
O Sicredi, em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), anuncia uma pesquisa inédita sobre os benefícios econômicos do cooperativismo de crédito na economia brasileira”. O estudo, que avaliou dados econômicos de todas as cidades brasileiras com e sem cooperativas de crédito entre 1994 e 2017 e cruzou informações do IBGE, chegou à conclusão que o cooperativismo incrementa o PIB per capita dos municípios em 5,6%. Além disso, o setor cria 6,2% mais vagas de trabalho formal e aumenta o número de estabelecimentos comerciais em 15,7%, estimulando, portanto, o empreendedorismo local.
A pesquisa encomendada à Fipe pelo Sicredi, instituição pioneira do cooperativismo de crédito no Brasil, utilizou a metodologia de Diferenças-em-Diferenças, principal método científico para avaliações de impacto de políticas públicas no mundo. Os resultados estimados pelo Sicredi a partir do estudo, consideraram o bom desempenho econômico de 1,4 mil municípios que passaram a contar com uma ou mais cooperativas durante o período de pesquisa. Os cálculos do Sicredi, com base no estudo da Fipe, mostram um impacto agregado nestas cidades de mais de R$ 48 bilhões em um ano. Ainda, as cooperativas de crédito foram responsáveis pela criação de 79 mil novas empresas e pela geração de 278 mil empregos.
Manfred Alfonso Dasenbrock, presidente da SicrediPar e coordenador do Conselho Especializado de Crédito (CECO) da OCB, afirma que com base na pesquisa da Fipe, um dos principais fatores que permitem que a cooperativa de crédito alavanque o desenvolvimento econômico local é a possibilidade de oferecer crédito com taxas de juros mais baixas, adequadas à realidade dos seus associados.
VANTAGENS
Conforme dados do Banco Central do Brasil, a taxa de juros cobradas pelas cooperativas de crédito são sensivelmente menores. Por exemplo, em 2019 a diferença de taxa de juros para microempresas foi de 20 pontos percentuais se comparada aos bancos tradicionais.
Mesmo oferecendo crédito a públicos menos assistidos pelo sistema financeiro tradicional, como micro e pequenas empresas, segundo o Banco Central, o índice de ativos problemáticos de uma cooperativa de crédito, que considera, por exemplo, a inadimplência, ainda é menor que o índice dos bancos tradicionais. No Relatório de Estabilidade Financeira de 2019, o Banco Central apontou uma diferença expressiva nos ativos problemáticos, que chegaram a 5,9% nas cooperativas de crédito do Brasil, enquanto as instituições financeiras tradicionais tiveram 7,4%.
GESTÃO DEMOCRÁTICA
Para Dasenbrock, a participação dos associados nas decisões de uma cooperativa de crédito é o grande diferencial do modelo de negócio. “O associado é, de fato, o dono do negócio e, por isso, precisa estar presente nas discussões a respeito dos rumos da sua cooperativa. No Sicredi, o relacionamento mais próximo com os associados contribui para sermos muito mais eficientes em reconhecer a capacidade de pagamento no uso do crédito, por exemplo, e com isso consigamos apoiar o desenvolvimento das pessoas e comunidades”, explica.
MULTIPLICADOR DO CRÉDITO
A pesquisa da Fipe também calculou o Multiplicador do Crédito Cooperativo, um coeficiente que indica o impacto do crédito concedido pelas cooperativas no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro – cada R$ 1,00 concedido em crédito gera R$ 2,45 no PIB da economia e a cada R$ 35,8 mil concedidos pelas cooperativas, uma nova vaga de emprego é criada no país.
De acordo com a Fipe, a inclusão financeira de famílias, pequenos produtores e empresas forma um ciclo virtuoso que fomenta o empreendedorismo local, reduz desigualdades econômicas e aumenta a competitividade e a eficiência no sistema financeiro nacional. A Fipe concluiu ainda que os princípios e a disseminação das cooperativas de crédito se mostram convergentes com objetivos maiores no campo das políticas públicas, tendo em vista o seu potencial impacto na redução das desigualdades econômicas e inter-regionais, bem como no aumento da concorrência e da eficiência no âmbito do Sistema Financeiro Nacional.
NO MUNDO
O cooperativismo de crédito é um modelo de negócio presente em 118 países, segundo relatório do Conselho Mundial de Cooperativas de Crédito (Woccu 2018), reunindo mais de 274 milhões de associados e ultrapassando a marca dos US$ 2,19 trilhões em ativos. No Brasil, de acordo com o Banco Central, o cooperativismo de crédito está presente em quase metade (47%) das cidades e representa 2,7% dos ativos totais do Sistema Financeiro Nacional (SFN). Já são mais de 9,9 milhões de associados a 925 cooperativas de crédito com uma carteira de R$ 123 bilhões em depósitos e R$ 137 bilhões em crédito – aproximadamente R$ 250 bilhões em ativos totais.
SOBRE O SICREDI
O Sicredi é uma instituição financeira cooperativa comprometida com o crescimento dos seus associados e com o desenvolvimento das regiões onde atua. O modelo de gestão do Sicredi valoriza a participação dos mais de 4 milhões de associados, os quais exercem papel de donos do negócio. Com presença nacional, o Sicredi está em 22 estados* e no Distrito Federal, com mais de 1.800 agências, e oferece mais de 300 produtos e serviços financeiros (www.sicredi.com.br).
*Acre, Alagoas, Bahia, Ceará, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins.
(Fonte: Sicredi)